Facções criminosas conseguiram capturar polígonos da rede da Brisanet em Fortaleza, afetando cerca de 2 mil clientes da operadora. A ação, que vem sendo investigada em conjunto com autoridades estaduais e a Anatel, evidencia o impacto do crime organizado sobre provedores de pequeno porte, os quais têm sofrido perdas mais significativas do que as grandes operadoras.
Em conferência de resultados nesta terça-feira, o CEO da Brisanet, José Roberto Nogueira, destacou que a maioria dos prejuízos em banda larga na região metropolitana de Fortaleza envolve empresas menores, muitas das quais acabam fechando as portas devido aos constantes problemas de segurança pública. Segundo ele, a operadora tem mantido diálogo aberto com o governo e o regulador para adotar medidas de proteção à sua infraestrutura.
Além do episódio de captura de rede, Nogueira aproveitou a ocasião para comentar o próximo leilão de espectro da Anatel, que licitará o uso da faixa de 700 MHz. O executivo apontou que, após três anos de mudanças macroeconômicas e conjunturais, o valor da faixa deve cair significativamente em comparação ao certame de 2021, tornando a oferta mais atrativa para investidores.
Na área móvel, a Brisanet anuncia planos de expansão para o Centro-Oeste, com parcerias que visam aproveitar infraestrutura já existente. O CEO afirmou que, enquanto a expansão da rede celular continua no Nordeste – com projetos em Fortaleza, Natal e João Pessoa –, a operadora planeja avançar no interior da região, garantindo uma vantagem competitiva em relação às grandes operadoras, que ainda carecem de infraestrutura robusta fora dos grandes centros urbanos.
Outra perspectiva de crescimento apontada por Nogueira é a geração de novas receitas por meio do compartilhamento de mini data centers espalhados pelo Nordeste. Embora esse projeto ainda esteja em fase inicial, o CEO ressaltou a oportunidade de oferecer serviços para empresas de streaming e outras operadoras, reforçando que os data centers poderão se tornar tão importantes quanto os instalados nas capitais. No entanto, a Brisanet não pretende abrir mão das torres que constrói, mantendo sua infraestrutura exclusiva para evitar a entrada de concorrentes diretos.