Depois de fazer o JBS maior produtor de carnes do mundo, Joesley e Wesley Batista miram liderar setor de energia
O tempo passou e Joesley e Wesley Batista foram cuidar de suas empresas, mantendo-se discreto até quando, há dois anos, a CVM devolveu seus CPF limpos.
Há pouco mais de dois anos, uma nota oficial da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) comunicou ao mercado que formara maioria para absolver os empresários Joesley e Wesley Batista da acusação de insider trading, o uso de informação privilegiada, para operar no mercado financeiro encerrando a investigação da acusação de prática desse crime que manteve os dois empresários presos preventivamente por seis meses, entre 2017 e 2018.
Foi a última acusação da qual os irmãos Batista se lavraram depois de terem protagonizaram uma das inusitadas confissões sobre o pagamento de propina a exatos 1.829 candidatos eleitos para quem os repassaram exatos R$ 1.124.515.234,67 dos quais R$ 301 milhões em dinheiro vivo.
Com planilhas
O mais inusitado dessa confissão foi que o executivo que cuidava da operação, Ricardo Saud prestou contas de cada centavo pago aos seus superiores com planilhas detalhadas quando a operação Lava Jato estava no seu momento mais forte.
O tempo passou e Joesley e Wesley Batista foram cuidar de suas empresas, mantendo-se discreto até quando, há dois anos, a CVM devolveu seus CPFs limpos.
Eles voltaram
Foi quando o mercado pode acompanhar mais de perto em que o JBS se transformara num mega grupo que além dos frigoríficos tinha banco (Original), produtora de celulose (Eldorado) e atuava na mineração, reflorestamento, fintech (Pic-Pay) e constituir a Ambar, uma das maiores empresas de energia cujas aquisições levaram o mercado a compará-la com a Eneva, a maior empresa brasileira integrada de energia que atua nos setores de geração, exploração e produção de petróleo e gás natural e comercialização de energia elétrica.

Virando petroleira
Na semana passada, a mbar anunciou a compra da Pluspetrol Bolívia, dona de três campos na Bacia Tarija-Chaco que produzem cerca de 100 mil metros cúbicos de gás natural por dia, com potencial para mais de 1 milhão de m³/dia no transporte da produção para os mercados da Bolívia, do Brasil e da Argentina.
Não foi um fato isolado. Nesta segunda-feira (10), a mbar comprou da Eletrobrás o portfólio de termelétricas a gás natural pagando R$4,7 bilhões e resolvendo um problema com créditos bilionários a receber da distribuidora de energia do Amazonas.
Energia na Amazônia
O acordo inclui o repasse de R$1,2 bilhão para que ela assuma imediatamente o risco de crédito dos contratos de energia associados a 13 usinas da Eletrobras (12 em operação) mais um projeto para implantação que juntas somam 2 GW de potência.
O apetite dos irmãos Batista no setor de energia foi revelado quando a mbar assinou contrato com a Copel, para a compra de 81,2% da termelétrica de Araucária (484 MW), no Paraná, por R$ 320,7 milhões e mais tarde do resto das ações que estava nas mãos da Petrobras que saiu da associação.
Produtor de gás
A mbar já se tornou dona das térmicas a gás Cuiabá (480 MW), no Mato Grosso, e Uruguaiana (600 MW), no Rio Grande do Sul, na fronteira com a Argentina. E como a UTE Cuiabá é ligada por gasodutos próprios à Bolívia e a UTE Uruguaiana é integrada às reservas de gás da Argentina começaram as especulações sobre o que, de fato, estariam pensando Joesley e Wesley Batista.
Especialmente, depois que na última sexta-feira (6), a diretoria da Petrobras aprovou a retomada das atividades operacionais da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenado, localizada no Paraná. A previsão é que o início das operações aconteça no segundo semestre de 2025. Araucária está conectada ao gasoduto Gasbol, com possibilidades de acesso ao gás nacional e da Bolívia.
Mirando a Bolívia
E mais ainda porque, nos últimos anos, eles estiveram olhando a Bolívia a ponto do Canal Rural, empresa do J&F e principal plataforma de comunicação especializada em agronegócio no Brasil ter iniciado sua expansão internacional com uma parceria com a Unitel, a maior rede de televisão da Bolívia com objetivo de potencializar a agropecuária e a alimentação na América Latina por meio da transmissão de leilões bolivianos e conteúdos jornalísticos.
Pluspetrol Bolívia, térmicas da Eletrobrás e a planta da Araucária Nitrogenado estariam, portanto, dentro de uma verticalização das atividades da mbar depois de tantas aquisições? Pode ser.
Energia solar
Mas no passado, por exemplo, o J&F iniciou as operações da Usina Fotovoltaica mbar Saltinho, uma projeto que faz parte da estratégia da companhia de investir R$6,5 bilhões em geração de energia solar até 2025.
Ela está dentro do plano de investimentos de R$38,5 bilhões do Grupo J & F no Brasil de 2023 até 2026, que resultará na geração de 30 mil novos empregos diretos no país. O plano foi apresentado pela empresa que se orgulha de ser o maior empregador do país.
Produção vertical
Nos seus comunicados, a mbar tem dito que pretende ser uma companhia de soluções completas no setor de energia. Entretanto, os movimentos apontam para a verticalização de suas atividades no setor de energia indo da geração à comercialização.
Chegar à condição de fornecedor da Araucária Nitrogenado, num futuro negócios com a Petrobras seria apenas mais um negócio de uma empresa que cresceu tanto que hoje precisa ter segurança na produção de gás natural de modo a se livrar da dependência da estatal brasileira para suas plantas térmicas e atender seus clientes nas regiões Sudeste e Centro Oeste ávidos por gás natural.
E se aproximar ainda mais do governo Lula depois que, no ano passado, a mbar iniciou a importação de energia gerada na Venezuela para o Brasil substituindo, por cerca de metade do preço, a energia fóssil utilizada hoje no estado de Roraima após importar até 120 MWh, o que significará uma economia de até R$ 1 bilhão ao ano na conta de luz dos brasileiros.
Os Batista no topo
Nada mau para uma empresa que esteve no centro da Lava Jato, quando um de seus sócios (Joesley) gravou sua conversa com o presidente Michel Temer, fato que mudou o rumo da história política brasileira pela enorme repercussão.
Como se sabe, o encontro à meia-noite, na Granja do Torto provocou o enfraquecimento do presidente que visava se candidatar a uma reeleição e que nos levou ao fenômeno Jair Bolsonaro.
Mas isso não impediu o J&F de continuar no mercado sem precisar sequer mudar de nome. E, ao contrário das empreiteiras, de continuar se expandindo em novas áreas e de reinventar se transformando na maior produtora e exportadora de proteína animal do mundo e, agora, candidata a ser também a maior companhia no Brasil no setor de energia pela verticalização dos seus negócios na área.
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