Deputada que chefia Procuradoria da Mulher é alvo de pedido de cassação por fala sobre ‘teste do sofá’
Servidoras da Câmara Legislativa do DF acusam a deputada Paula Belmonte (Cidadania) de quebra de decoro ao usar a expressão, que, segundo elas, ofende a honra e a integridade de todas as funcionárias da Casa.
Em uma reviravolta política que expõe as complexidades do debate sobre assédio e representatividade, um grupo de 10 servidoras e ex-funcionárias da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) protocolou, nesta terça-feira (2), um pedido de cassação do mandato da deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania). O paradoxo central do caso é que Belmonte, que ocupa o cargo de Procuradora da Mulher na Casa, é acusada de quebra de decoro por uma fala que as servidoras consideram sexista e prejudicial à imagem de todas as mulheres que ali trabalham.
A controvérsia explodiu após a deputada afirmar, em uma entrevista à TV Globo, que no gabinete de um colega, o deputado Daniel Donizet (MDB), “era exigência passar pelo teste do sofá para se manter no gabinete”. A declaração, embora feita no contexto de uma denúncia de assédio contra Donizet, foi vista pelas servidoras como uma generalização que coloca a competência e a honra de todas elas sob suspeita.
A acusação: ‘Ofensa direta à integridade profissional e pessoal’
No requerimento enviado à Mesa Diretora da CLDF, as servidoras argumentam que o uso da expressão “teste do sofá” faz menção a favorecimento sexual e “lança pecha depreciativa sobre as servidoras, configurando ofensa direta à integridade profissional e pessoal”. Elas ressaltam a gravidade do fato de a acusação partir justamente da Procuradora da Mulher, “posição vocacionada à proteção de direitos das mulheres, não à difusão de estigmas”.
O grupo afirma que a deputada falhou com o zelo e o respeito exigidos pelo cargo ao expor publicamente as funcionárias de forma genérica e sem apresentar provas concretas. Além do pedido de cassação, as servidoras registraram um boletim de ocorrência na Polícia Civil contra a parlamentar por difamação e calúnia.
A defesa de Belmonte: ‘Reproduzi uma expressão que consta em denúncia’
Em sua defesa, a deputada Paula Belmonte afirmou em nota que não criou a expressão, mas apenas reproduziu “literalmente uma expressão machista que consta em denúncia recebida pela Procuradoria Especial da Mulher”. Ela declarou que “jamais foi minha intenção atingir a honra ou a dignidade das servidoras” e buscou redirecionar o foco para a gravidade das acusações de assédio que precisam ser apuradas.
O caso agora seguirá o rito interno da Câmara Legislativa. O pedido será analisado pela Mesa Diretora e, se aceito, passará pela Corregedoria e pelo Conselho de Ética antes de uma eventual votação em plenário. O episódio cria um delicado dilema político e ético: de um lado, a obrigação de uma parlamentar de denunciar supostos crimes; do outro, a responsabilidade de não usar uma linguagem que possa, ainda que sem intenção, revitimizar ou estigmatizar um grupo inteiro de mulheres.
Da redação com informações do portal Metrópoles
Redação do Movimento PB [MGN-OOG-03092025-B8A2C1-15P]
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