Diretor de “Ainda Estou Aqui”, Walter Salles, Vem de Família que Reina no Mercado Global de Nióbio

Cineasta é herdeiro dos Moreira Salles, que controlam a CBMM, responsável por 75% do nióbio mundial, enquanto constrói carreira focada em temas sociais.

Walter Moreira Salles Júnior, o Walter Salles por trás do documentário “Ainda Estou Aqui” (2010), é mais do que um cineasta premiado — ele é parte de uma das famílias mais poderosas do Brasil, os Moreira Salles, que detêm 70% da Companhia Brasileira de Mineração e Metalurgia (CBMM). A empresa, sediada em Araxá, Minas Gerais, domina 75% do mercado global de nióbio, um metal essencial para indústrias de alta tecnologia, como aviação e siderurgia, e faturou mais de R$ 11 bilhões em 2023. Esse valor, que supera em mil vezes o custo de produção do filme de Salles, destaca o contraste entre o império familiar e a trajetória artística do diretor, marcada por narrativas de cunho social.

O Gigante do Nióbio Nasce em 1955

A história da CBMM começou em outubro de 1955, mês em que Walter Salles ainda estava no ventre da mãe. Fundada pela empresa americana Molycorp, a companhia foi adquirida em 1965 por um consórcio de investidores brasileiros liderado pela família Moreira Salles, que desde então consolidou seu controle acionário em 70%. Operando uma única mina em Araxá, a CBMM transformou o nióbio — usado em aços de alta resistência, motores a jato e supercondutores médicos — em um negócio bilionário, posicionando o Brasil como líder absoluto nesse mercado estratégico.

Em 2023, os R$ 11 bilhões de receita da CBMM refletem a crescente demanda global por nióbio, especialmente em um mundo voltado para a inovação tecnológica e a transição energética. “A mina de Araxá é uma joia rara, e os Moreira Salles souberam transformá-la em um império”, comentou um analista de mercado ao Estado de Minas. Esse domínio econômico coloca a família entre os chamados “donos do nióbio”, uma expressão que reflete sua influência em um setor vital para a economia mundial.

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Das Finanças à Diplomacia: A Herança dos Moreira Salles

O sucesso da família não se limita à mineração. O avô de Walter, João Moreira Salles, fundou uma casa bancária em Poços de Caldas, Minas Gerais, nas décadas de 1930 e 1940, que evoluiu para o Unibanco. Em 2008, o banco se fundiu ao Itaú, criando o Itaú Unibanco, hoje o maior banco privado do Brasil, com ativos que o tornam um gigante financeiro na América Latina. Embora a participação direta da família tenha diminuído após a fusão, seu papel histórico no setor bancário é inegável, com membros como Walter Moreira Salles Filho, tio do cineasta, listados entre os bilionários brasileiros pela Forbes.

O pai de Walter, também chamado Walter Moreira Salles, ampliou a influência do clã na esfera política. Diplomata durante os governos de Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, ele serviu como embaixador nos Estados Unidos, forjando laços que beneficiaram os negócios familiares. Antes de se casar com a mãe de Walter, ele teve um romance com Alzirinha, filha de Vargas, em Poços de Caldas — um detalhe que ilustra a proximidade da família com a elite política brasileira da época. Essas conexões ajudaram a pavimentar o caminho para a aquisição da CBMM em 1965, em um momento em que o Brasil vivia os primeiros anos da ditadura militar.

Walter Salles: Um Cineasta Fora da Curva

Enquanto a família acumulava riquezas em mineração e finanças, Walter Salles optou por um caminho diferente: o cinema. Seus filmes, como “Central do Brasil” (1998), indicado ao Oscar, e “Diários de Motocicleta” (2004), sobre a juventude de Che Guevara, conquistaram o mundo com histórias de luta, pobreza e redenção. “Ainda Estou Aqui”, que acompanha personagens reais em São Paulo, mantém essa linha, explorando as margens da sociedade brasileira — um contraste gritante com a opulência do império familiar.

A independência financeira proporcionada pela fortuna dos Moreira Salles pode ter sido um fator decisivo para que Salles pudesse se dedicar a projetos artísticos de cunho pessoal, livres das pressões comerciais que afetam muitos diretores. Em entrevistas, ele já mencionou ter passado temporadas com avós em condições mais simples, experiências que moldaram sua sensibilidade para retratar os excluídos (Wikipedia: Walter Salles). Sua exposição a diferentes culturas, influenciada pela carreira diplomática do pai, também se reflete em sua obra, que frequentemente atravessa fronteiras geográficas e sociais.

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Arte e Privilégio: Um Debate em Aberto

A dualidade entre a herança bilionária e o foco em temas sociais gera reflexões. “Walter Salles é um paradoxo: um herdeiro de uma das famílias mais ricas do Brasil que escolhe contar histórias dos que nada têm”, escreveu um crítico no X. Alguns elogiam sua capacidade de usar o privilégio para dar voz aos marginalizados, enquanto outros questionam se sua origem o distancia das realidades que retrata. Seja como for, sua trajetória no cinema é marcada por reconhecimento internacional, com prêmios como o Globo de Ouro e o BAFTA, que contrastam com o discreto, mas imenso, poder econômico de sua família.

O Legado dos Moreira Salles em 2025

Hoje, em um mundo onde o nióbio é cada vez mais essencial para tecnologias avançadas, a CBMM reforça a posição dos Moreira Salles como players globais. Seus R$ 11 bilhões de faturamento em 2023 são um testemunho da escala de seu império, que começou em uma mina em Minas Gerais e se expandiu para influenciar indústrias em todo o planeta. Enquanto isso, Walter Salles segue como um embaixador cultural do Brasil, unindo o brilho das telas à solidez do nióbio extraído em Araxá — uma conexão que, embora indireta, liga arte e riqueza em uma narrativa singular.


Texto criado com informações de fontes corporativas e históricas.
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