Especialistas internacionais criticam a postura dos Estados Unidos em relação à China, acusando o governo americano de hipocrisia e de usar a narrativa da “supercapacidade chinesa” como estratégia para conter o desenvolvimento do país asiático.
Daryl Guppy, ex-membro do Conselho Empresarial Austrália-China, aponta a contradição na acusação americana, que se concentra em setores que os EUA e a Europa optaram por não investir anteriormente, como o de veículos elétricos, no qual a China lidera há anos.
Benjamin Norton, especialista em política externa, questiona a definição de “supercapacidade” utilizada pelos EUA, que a aplicam exclusivamente à China, ignorando o fato de que a maior parte da produção chinesa é consumida internamente. Ele destaca que a dependência de exportações da China é menor do que a de outros países, como Japão e Coreia do Sul.
Norton também argumenta que a produção chinesa de veículos elétricos, painéis solares e baterias é crucial para a transição global para energias limpas e o combate às mudanças climáticas.
As novas tarifas impostas pelos EUA sobre produtos chineses de energia limpa são vistas como uma tentativa de enfraquecer a indústria chinesa, mas especialistas acreditam que essa estratégia não será eficaz.
Jeffrey Sachs, diretor do Centro para Desenvolvimento Sustentável da Universidade de Columbia, afirma que a China não representa uma ameaça aos EUA, mas sim à hegemonia americana. Ele aponta que essa situação tem gerado uma “reação neurótica” por parte dos EUA, que se sentem ameaçados pela ascensão da China.
Guppy também destaca que a acusação de “supercapacidade” faz parte de uma estratégia americana para conter o desenvolvimento da China, classificando-a como anticompetitiva. Ele alerta para os perigos do aumento das barreiras comerciais e do retorno ao protecionismo.