Gisele Bundchen em deepfake: Quadrilha brasileira fatura milhões com golpes no Instagram usando imagem da supermodelo
Operação policial no Rio Grande do Sul desmantela esquema que usava Inteligência Artificial para criar anúncios falsos, expondo a nova fronteira do crime digital e a vulnerabilidade dos consumidores à manipulação tecnológica.
A imagem de uma das brasileiras mais famosas do mundo, a supermodelo Gisele Bundchen, foi a isca para um esquema criminoso sofisticado que faturou milhões de reais no Brasil. Uma quadrilha especializada em fraudes on-line utilizou anúncios no Instagram com vídeos falsos de Gisele, criados por Inteligência Artificial (deepfakes), para enganar milhares de consumidores. A operação policial que desmantelou o grupo nesta semana marca uma das primeiras grandes ofensivas no país contra o uso de IA para fins ilícitos, acendendo um alerta vermelho sobre a nova era do estelionato digital.
A investigação, conduzida pela polícia do Rio Grande do Sul, resultou na prisão de quatro suspeitos e no congelamento de mais de R$ 20 milhões (US$ 3,9 milhões) em fundos considerados suspeitos pela agência federal de combate à lavagem de dinheiro, o COAF. O caso explodiu após uma vítima denunciar ter sido enganada por um anúncio no Instagram que mostrava um vídeo adulterado de Gisele promovendo um produto para a pele. Em outro golpe, a imagem da modelo era usada para prometer a doação de malas de viagem, levando as vítimas a pagar apenas pelo frete de produtos que jamais chegariam.
“Identificamos que o grupo criminoso realizava uma série de outros golpes, envolvendo deepfakes de outras celebridades e falsas plataformas de apostas”, revelou Eibert Moreira Neto, chefe da unidade de crimes cibernéticos da polícia gaúcha. O esquema era perversamente genial em sua simplicidade: ao focar em pequenos prejuízos, geralmente abaixo de R$ 100, os criminosos contavam com a inércia das vítimas, que na maioria das vezes não se davam ao trabalho de registrar queixa. Essa tática criava o que a investigadora Isadora Galian chamou de “imunidade estatística”, permitindo que a quadrilha operasse em larga escala e com baixo risco de denúncia.
Para quem não é da área, podemos simplificar alguns termos…
Um “deepfake” é uma técnica de Inteligência Artificial que permite criar vídeos ou áudios falsos extremamente realistas. A tecnologia “aprende” as características de uma pessoa, como seu rosto e sua voz, e consegue manipulá-las para criar um conteúdo novo, fazendo parecer que a pessoa disse ou fez algo que nunca aconteceu. No caso do golpe, a IA foi usada para fazer Gisele Bundchen “anunciar” produtos e promoções fraudulentas de forma convincente, enganando os usuários que confiavam na imagem da celebridade.
A responsabilidade das plataformas e o alerta ao consumidor
O caso joga luz sobre a responsabilidade das redes sociais. Em uma decisão de junho, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que as plataformas podem ser responsabilizadas por anúncios criminosos se não agirem rapidamente para remover o conteúdo, mesmo sem uma ordem judicial. A Meta, dona do Instagram, afirmou que suas políticas proíbem “anúncios que usam figuras públicas de forma enganosa” e que investe em sistemas para detectar e remover tais conteúdos. Já a equipe de Gisele Bundchen aconselhou os consumidores a desconfiarem de descontos incomuns e a verificarem a autenticidade das ofertas nos canais oficiais das marcas ou das celebridades.
O golpe da “Gisele fake” é um marco sombrio na história do crime cibernético no Brasil. Ele demonstra que a era da manipulação digital em massa já começou e que a linha entre o real e o falso está cada vez mais tênue. Para o consumidor paraibano e de todo o Brasil, a lição é clara: a desconfiança tornou-se uma ferramenta de sobrevivência. A tecnologia que nos conecta e nos entretém é a mesma que pode nos enganar com uma perfeição assustadora, exigindo um nível de ceticismo e verificação que, até pouco tempo atrás, pertencia apenas aos filmes de ficção científica.
Redação do Movimento PB
Redação do Movimento PB [NMG-OGO-05102025-Q2R8S3-13P]