Governo Trump usa Pokémon em vídeo de propaganda anti-imigração e causa revolta
Departamento de Segurança Interna dos EUA apropria-se do tema “Temos que pegar” e de imagens da franquia em vídeo com prisões violentas, gerando críticas de fãs sobre os “dois pesos e duas medidas” da Nintendo.
O Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS), sob a administração de Donald Trump, voltou a ser o centro de uma polêmica de apropriação indevida, desta vez profanando um dos universos mais amados da cultura pop. Em um vídeo de propaganda divulgado em 22 de setembro, o DHS combinou cenas de agentes fortemente armados invadindo residências e prendendo imigrantes com a icônica música tema de Pokémon e gráficos no estilo de seus famosos cards colecionáveis.
A montagem bizarra e perturbadora mostra homens sendo algemados e arrastados de suas casas ao som da nostálgica canção. Ao final, o vídeo exibe uma série de “cards” com as fotos dos detidos, rotulados como “Os Piores dos Piores”, e com uma irônica “fraqueza elemental” listada como “ICE” (a agência de imigração e alfândega). A The Pokémon Company, detentora dos direitos da franquia, rapidamente se distanciou da produção. “Nossa empresa não esteve envolvida na criação ou distribuição deste conteúdo, e a permissão não foi concedida para o uso de nossa propriedade intelectual”, afirmou a empresa em comunicado.
Este não é um caso isolado. O DHS de Trump já tem um histórico de utilizar obras de arte e músicas sem autorização para suas peças de propaganda anti-imigração. No entanto, a escolha de Pokémon, um símbolo da infância para milhões de pessoas, gerou uma onda de revolta particularmente intensa, especialmente entre os fãs da franquia.
A revolta dos fãs: “Dois pesos e duas medidas”
A comunidade de fãs de Pokémon sabe bem o quão agressiva a Nintendo e a The Pokémon Company podem ser na proteção de sua propriedade intelectual. A empresa é famosa por processar e fechar incontáveis projetos de fãs, desde jogos amadores a simples artes online. A hesitação da empresa em confrontar o governo americano, no entanto, foi vista como um ato de covardia e hipocrisia.
Em fóruns como o Reddit, a frustração é palpável. “A ÚNICA vez que a Nintendo deveria absolutamente processar e eles estão com muito medo”, escreveu um usuário. Outro comentou de forma ácida: “Fazer uma arte de fã com Pokémon? Arrisque a ira dos advogados de ataque da empresa. Usar Pokémon para promover a captura e detenção de pessoas não-brancas de forma violenta? A empresa diz ‘vocês não deveriam fazer isso'”.
O episódio vai além de uma simples disputa de direitos autorais. Ele expõe uma tática de comunicação política que busca banalizar e até “gamificar” operações policiais violentas, cooptando símbolos culturais positivos para uma agenda controversa. A revolta dos fãs não é apenas pela violação da marca, mas pela profanação de uma memória afetiva coletiva. O caso deixa no ar uma incômoda questão: as gigantes do entretenimento, tão ferozes na proteção de seus lucros contra seus próprios fãs, têm a mesma coragem quando o adversário é o poder do Estado?
Traduzido e adaptado do Daily Dot
Redação do Movimento PB [NMG-OGO-25092025-C5D1E9-15P]
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