IA ameaça humanidade ao nos desconectar do que é ser humano
A inteligência artificial pode nos fazer esquecer o que significa ser humano, erodindo nossa existência de forma silenciosa.
Dois riscos conhecidos da IA
Geoffrey Hinton, Nobel e ex-chefe de IA do Google, alerta para dois tipos de ameaças existenciais da inteligência artificial: seu uso indevido, como em cyberattacks, manipulação eleitoral ou criação de câmaras de eco, e o desenvolvimento de IA superinteligente, capaz de criar armas autônomas ou decidir eliminar humanos por considerá-los desnecessários. Esses riscos, amplamente debatidos, dominam as discussões sobre o futuro da tecnologia.
Uma ameaça silenciosa
Há, porém, uma terceira ameaça existencial que passa despercebida: a perda do que significa ser humano. Diferentemente das preocupações de Hinton, essa erosão não depende de cenários catastróficos, mas ocorre quando a humanidade deixa de refletir sobre sua própria existência. Sem manchetes, esse risco cresce à medida que confiamos na IA para responder perguntas que moldam nossa identidade.
Filosofia e o sentido da existência
O filósofo alemão Martin Heidegger, em sua palestra de 1954, alertou que a relação com a tecnologia pode nos desconectar da realidade e de nós mesmos. Ele previu que confiar na tecnologia para resolver problemas insolúveis, perder a capacidade de distinguir verdade de falsidade e duvidar do próprio pensamento são perigos reais. Para Heidegger, compreender a essência da tecnologia é crucial para evitar esses riscos.
Por que filósofos, não especialistas em IA?
Enquanto especialistas em IA, como Hinton e Demis Hassabis, da DeepMind, focam em soluções técnicas e regulamentações, filósofos existencialistas como Heidegger, Jean-Paul Sartre e Maurice Merleau-Ponty oferecem insights sobre o que nos torna humanos. Eles veem a consciência e a criatividade não como “algo” definível, mas como uma expressão do “nada” — a capacidade humana de questionar a própria existência, sabendo que é finita. A IA ameaça isso ao responder perguntas mais rápido do que podemos formulá-las, reduzindo nossa reflexão existencial.
Um chamado à reflexão humana
Filósofos existencialistas sugerem que a IA não é uma ameaça por poder nos exterminar, mas por nos desumanizar ao substituir as perguntas que nos definem. Hassabis já reconheceu a necessidade de novos filósofos para entender as implicações da IA, e Hinton, ao se aposentar, busca um trabalho mais filosófico. A lição é clara: para enfrentar essa ameaça, devemos priorizar a reflexão sobre quem somos, antes de confiar na IA para decidir por nós.
Com informações de: Forbes.