Meta encerra verificação de fatos nos EUA e gera preocupação no Brasil


Decisão da Meta de encerrar a verificação de fatos nos EUA preocupa autoridades brasileiras, que pedem esclarecimentos à empresa.


A decisão da Meta, controladora do Facebook e Instagram, de encerrar o programa de verificação de fatos nos Estados Unidos gerou reações negativas no Brasil. O ministro das Comunicações, Sidonio Palmeira, afirmou que a medida é “ruim para a democracia”, destacando que a ausência de fact-checking contribui para a disseminação de ódio, desinformação e notícias falsas.

“Esse é o problema. Precisamos ter controle, precisamos regulamentar as mídias sociais, como já ocorre na Europa”, disse Palmeira, referindo-se aos esforços de regulamentação no continente europeu.

A decisão foi anunciada pelo CEO da Meta, Mark Zuckerberg, que alegou preocupações com vieses políticos como motivo para encerrar a iniciativa nos Estados Unidos. No entanto, especialistas alertam que a mudança abre as portas para a proliferação de informações prejudiciais.

Zuckerberg também criticou o que chamou de censura em regiões como Europa e América Latina, levantando questionamentos em diversos países sobre possíveis mudanças futuras. Em resposta, o Ministério Público Federal do Brasil enviou uma notificação à Meta, exigindo esclarecimentos sobre a implementação da medida no país, com prazo de 30 dias para resposta detalhada.

Em vez de usar verificadores profissionais, a Meta pretende adotar um modelo conhecido como “notas da comunidade”, inspirado na abordagem da plataforma X (antigo Twitter), de Elon Musk. Apesar da popularidade do modelo, críticos argumentam que a responsabilidade transferida aos usuários pode ser insuficiente para combater a desinformação de maneira eficaz.

No Brasil, o Supremo Tribunal Federal (STF) tem adotado uma postura rígida sobre a regulamentação de redes sociais. No ano passado, o STF determinou o bloqueio da plataforma X por 40 dias devido ao descumprimento de ordens judiciais relacionadas ao combate à desinformação.

Durante um evento em memória dos dois anos da invasão às sedes do poder em Brasília por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva também reforçou a importância do combate à desinformação.

“Defendemos e sempre defenderemos a liberdade de expressão. Mas não toleraremos discurso de ódio e desinformação, que colocam vidas em risco e incitam a violência contra o Estado de Direito”, declarou Lula.


Texto traduzido e adaptado de The Guardian e revisado pela nossa redação.

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