Mais da metade do tráfego online vem de bots, e até 40% dos seguidores de grandes perfis podem ser falsos. Será que as métricas que guiam o sucesso digital são confiáveis?
Vivemos obcecados por números. Curtidas, seguidores, visualizações — tudo parece definir quem é relevante no mundo digital. Mas uma verdade incômoda está emergindo: essas métricas, que movem negócios e reputações, muitas vezes são uma fachada. Bots, fraudes e interações falsas inflacionam os dados, enganando marcas, influenciadores e até o público comum que acredita no que vê online.
Bots dominam a internet
Mais de 52% do tráfego online não vem de humanos, mas de bots e automações, segundo a empresa de cibersegurança Imperva. Isso significa que grande parte do que consideramos “engajamento” — como cliques e comentários — pode não refletir pessoas reais. No Brasil, o cenário é ainda mais preocupante. Uma análise da Hype Auditor revelou que 56% dos influenciadores brasileiros são afetados por fraudes, com até 72% dos perfis entre 500 mil e 1 milhão de seguidores tendo interações falsas.
Seguidores que não existem
A ilusão não poupa ninguém. Celebridades como Cristiano Ronaldo e Lionel Messi têm, respectivamente, 24% e 23% de seguidores identificados como falsos, aponta a Ghost Data. No Instagram, até 30% dos seguidores de grandes influenciadores podem ser perfis inativos. No X, esse número sobe para 40% em contas com mais de 1 milhão de fãs. Até o TikTok, febre entre os jovens, enfrenta redes de bots que entregam curtidas instantâneas, inflando números que impressionam, mas não entregam valor real.
Um mercado de mentiras
Essa obsessão por métricas criou uma indústria paralela. Comprar seguidores, likes e até avaliações online virou prática comum. Custa pouco: por menos de R$ 50, é possível inflar um perfil com milhares de interações falsas. O impacto vai além da vaidade digital. Marcas perdem bilhões — cerca de US$ 1,3 bilhão só no Instagram, segundo estimativas — ao investir em influenciadores com público fantasma. Avaliações falsas em marketplaces, como notas altas em restaurantes, enganam consumidores. Até decisões políticas são influenciadas por números manipulados.
Por que acreditamos nos números?
A culpa não é só dos bots. O mercado foi treinado para venerar métricas, desde os tempos da TV, quando audiência era sinônimo de sucesso. Na era digital, cliques viraram ouro, sem que ninguém parasse para checar sua autenticidade. É como acreditar numa nota 10 sem ver a prova. Confiamos em gráficos, celebramos “virais” e julgamos relevância por números que, muitas vezes, não passam de uma ilusão comprada.
Um convite à reflexão
As métricas mentem, mas nossa fé nelas é real. Seguidores não garantem influência, e views não provam qualidade. Enquanto continuarmos tratando números como verdade absoluta, estaremos construindo castelos em areia movediça. Talvez seja hora de olhar além das aparências e perguntar: o que realmente importa no que consumimos online?
Por redação do Movimento PB com informações de fontes públicas.