‘Muito Perigoso’: Médicos Fazem Alerta Global sobre o Impacto da Publicidade das ‘Bets’ em Jovens
Editorial em um dos principais jornais médicos do mundo adverte que a exposição massiva a anúncios normaliza um comportamento de risco para crianças e adolescentes, transformando cada celular em um cassino em potencial.
Um grupo de médicos está soando o alarme contra a onipresença da publicidade de apostas esportivas, argumentando que a prática está preparando uma geração de jovens para um futuro de vício em jogos de azar. Em um editorial publicado nesta segunda-feira (8) no prestigiado *Canadian Medical Association Journal*, especialistas alertam que, com a legalização das apostas online, cada smartphone se tornou uma plataforma de apostas em potencial, e os jovens são o público mais vulnerável.
A Dra. Shannon Charlebois, médica de família e editora do jornal, afirma que, embora os sites de apostas, as famosas “bets”, sejam restritos a maiores de idade, a juventude está sendo inundada por uma publicidade que equipara o prazer de assistir a esportes com a necessidade de apostar. Segundo ela, como o cérebro de crianças e adolescentes ainda está em desenvolvimento, essa exposição constante a mensagens sobre jogos de azar normaliza um comportamento sabidamente prejudicial.
A Normalização de um Comportamento de Risco
O problema, segundo os médicos, é a escala e a falta de limites. “Não há um teto para quantos desses anúncios podem ser veiculados em uma transmissão esportiva ou qual a duração deles”, aponta a Dra. Charlelebois. Além dos comerciais, os nomes das plataformas de bets são projetados em campos de futebol e rinques de hóquei, e comentaristas patrocinados têm seus próprios segmentos durante os jogos.
“O que é muito perigoso nisso para as crianças é que está normalizando um comportamento prejudicial conhecido durante uma fase em que são muito influenciáveis”, diz a médica. “E é particularmente atraente para jovens que são geneticamente e biologicamente predispostos a gostar de correr riscos.” Mesmo que os anúncios não sejam direcionados a eles, as crianças os veem e são afetadas.
Um Alerta para o Brasil
O cenário descrito pelos médicos canadenses serve como um alerta para o Brasil, onde a regulamentação das “bets” é recente e a publicidade do setor se tornou onipresente. Patrocínios a times de futebol, atletas e o domínio dos intervalos comerciais levantam questões similares sobre a necessidade de proteger o público jovem da normalização de uma prática com alto potencial de vício. O alerta internacional propõe um debate urgente sobre onde traçar a linha entre a liberdade comercial e a saúde pública.
Vidas Destruídas e a Dificuldade do Tratamento
A Dra. Charlebois relata o custo humano do vício. “Eu vi a vida de pessoas desmoronar em todas as idades, de todas as classes sociais, seja um contador com uma carreira consolidada ou um garoto tentando aumentar seu fundo para a faculdade que perdeu tudo em questão de semanas”, conta.
O Dr. Shawn Kelly, especialista em dependência na adolescência e coautor do editorial, acrescenta que o vício em apostas ainda carrega um estigma pesado, o que leva as pessoas a esconderem o problema e hesitarem em procurar tratamento. Ele também adverte que as restrições de idade não são uma barreira infalível. “Onde há um adolescente motivado, um caminho será encontrado”, afirma.
O Caminho da Regulação
No Canadá, um projeto de lei para regular a publicidade das bets já foi introduzido no Senado e, se aprovado, é visto como um bom começo. Os médicos defendem que a publicidade de apostas seja restrita durante as partidas e removida das plataformas de mídia social mais usadas por jovens. A experiência canadense, portanto, oferece um espelho para o Brasil, destacando a necessidade de um debate público robusto sobre os custos sociais e de saúde a longo prazo em um mercado em plena expansão.
Traduzido e contextualizado de agências de notícias internacionais
Redação do Movimento PB [NMG-OOG-09092025-J4K5L6-15P]
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