O Futuro das Transmissões de Futebol: Entre a Globo e a ascensão do Streaming
O recém-realizado Super Mundial de Clubes da FIFA não apenas reacendeu debates sobre o futebol, mas também iluminou a nova dinâmica das transmissões esportivas no Brasil. O torneio, que gerou um contrato global de US$ 1 bilhão com o serviço de streaming DAZN, consolidou a disputa por audiência entre gigantes estabelecidos e novos players digitais. No Brasil, o embate se deu entre o Grupo Globo e a CazéTV, um confronto que se repete em grandes eventos e que molda o futuro de como o torcedor brasileiro consome esporte.
O Grupo Globo, com seu alcance massivo na TV aberta (114,3 milhões de pessoas, segundo o Kantar Ibope), mantém sua força e domínio, mas agora enfrenta a concorrência direta das plataformas digitais. A CazéTV, por sua vez, demonstrou o poder do YouTube, alcançando 17,4 milhões de dispositivos únicos em sua primeira rodada do Mundial. A CazéTV, apoiada pela LiveMode, expandiu sua atuação, estabelecendo parcerias com serviços de streaming como Disney+ e Sky+, criando um modelo híbrido que busca a onipresença da TV aberta, mas com a flexibilidade da internet.
A Luta Pela Audiência e a Fragmentação do Acesso
A entrada de novos players como a CazéTV é um sintoma da queda na demanda por TV fechada no Brasil, um movimento que começou em 2014. A multiplicação de plataformas e a pulverização de conteúdos, que oferecem um custo menor, impulsionaram a migração de público para o streaming. No entanto, essa aparente “democratização” do acesso tem um custo. A fragmentação do conteúdo exige que o consumidor assine diversos serviços e tenha acesso a uma internet de qualidade, criando novas barreiras para uma parcela significativa da população.
A CazéTV busca uma estratégia de expansão agressiva, com sua programação 24 horas e parcerias com empresas como Amazon Prime Video e Mercado Play, tentando replicar a capilaridade da TV aberta. No entanto, a opinião dos torcedores sobre o novo modelo é dividida. Enquanto uns celebram a praticidade do YouTube, outros lamentam o antigo “monopólio da Globo” por ser mais acessível e criticam a necessidade de múltiplos pacotes de streaming para assistir a todos os jogos que amam. Essa polarização revela um dilema central: a inovação tecnológica pode romper monopólios, mas nem sempre garante maior acesso ou benefícios para o público.
“O monopólio da Globo era mais barato pro torcedor. Além de que tantos streamings, tantas plataformas não favoreceram os torcedores mais velhos, que têm muita dificuldade em ver os jogos, pois não sabem onde assistir.”
O futuro das transmissões esportivas no Brasil está em um ponto de inflexão. As disputas por direitos de imagem elevam os investimentos no esporte, mas também marginalizam campeonatos de menor apelo comercial. A pirataria surge como uma alternativa para muitos que não podem arcar com os custos de múltiplos serviços. Enquanto isso, o debate sobre a regulamentação das transmissões esportivas, na perspectiva do direito à comunicação, continua a enfrentar barreiras políticas e financeiras, deixando o torcedor como um mero espectador das negociações que definem seu acesso à sua paixão nacional.
Da redação com informações do Le Monde Diplomatique Brasil
Redação do Movimento PB [GME-GOO-12082025-0749-25F]