O Protocolo do Rastro Zero: Por Que Assessores de Kim Jong-un Limpam Tudo o Que Ele Toca?
Após encontro com Vladimir Putin em Pequim, equipe do ditador norte-coreano foi filmada higienizando meticulosamente seus objetos para impedir a coleta de dados sobre sua saúde por espiões.
Mesmo em um cenário de aparente amizade crescente, a paranoia e a segurança extrema ditam as regras para o líder norte-coreano. Após uma reunião de mais de duas horas entre Kim Jong-un e o presidente russo Vladimir Putin na China, nesta semana, funcionários da Coreia do Norte foram vistos executando um protocolo rigoroso: limparam os objetos tocados pelo ditador. Imagens divulgadas na quarta-feira (3) mostraram assessores higienizando a cadeira, os apoios de braço e uma mesa de centro usada por Kim, além de removerem seu copo da sala.
O ato, registrado em vídeo por um repórter do Kremlin, não é um excesso de zelo, mas uma medida de segurança calculada. Segundo analistas, o objetivo é esconder qualquer pista sobre a saúde de Kim. A prática visa impedir que agências de inteligência estrangeiras — mesmo as de países considerados amigos, como a Rússia — coletem amostras biológicas que possam revelar informações sobre o estado físico do líder supremo.
Medidas Extremas Contra o Risco Biométrico
De acordo com Michael Madden, especialista em liderança norte-coreana do Stimson Center, este é um protocolo padrão desde a era de Kim Jong-il, pai e antecessor do atual ditador. A preocupação é que qualquer vestígio, como fios de cabelo, fragmentos de pele ou resíduos, possa ser analisado. “Isso poderia revelar informações sobre condições médicas que afetam Kim Jong-un”, afirmou Madden. O lixo pessoal e até as bitucas de cigarro são cuidadosamente recolhidos pela comitiva.
A obsessão pela proteção de seus dados biológicos é tão grande que, em suas viagens ao exterior, Kim leva seu próprio banheiro portátil em seu trem particular. A medida, também confirmada por agências de inteligência sul-coreanas e japonesas, tem o mesmo propósito: ocultar qualquer informação que possa ser obtida a partir da análise de seus dejetos.
Um Histórico de Cautela Obsessiva
Este comportamento não é novo e já foi observado em diversos encontros diplomáticos de alto nível. Após a cúpula de Hanói com o então presidente dos EUA, Donald Trump, em 2019, os seguranças de Kim foram vistos limpando seu quarto de hotel por horas, chegando a retirar o colchão do local. A equipe do ditador também costuma agir preventivamente.
Em seu encontro de 2018 com o então presidente sul-coreano Moon Jae-in, seguranças norte-coreanos borrifaram desinfetante e limparam uma cadeira e uma mesa antes que Kim se sentasse. O mesmo ocorreu antes de outra cúpula com Putin em 2023, quando a equipe de segurança não apenas higienizou a cadeira, mas também a inspecionou vigorosamente, com um guarda usando um detector de metais no assento.
A Saúde do Líder como Segredo de Estado
As ações meticulosas da equipe de Kim Jong-un em Pequim reforçam o quanto a saúde do líder é tratada como um dos maiores segredos de estado da Coreia do Norte. A paranoia em evitar a coleta de qualquer dado biométrico, mesmo em reuniões com aliados, demonstra que, para o regime de Pyongyang, nenhuma nação é totalmente confiável. A preservação da imagem de um líder infalível e a ocultação de qualquer vulnerabilidade são consideradas essenciais para a manutenção do poder e da estabilidade do país.
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