O ex-humorista Paulo Bonfá, conhecido por programas como RockGol e Sobrinhos do Ataíde, está à frente da maior exposição de Andy Warhol fora dos EUA. Ao lado de Roberto Souza Leão, dirige o Instituto Totex, que promove a cultura e o acesso à arte com projetos ambiciosos e alta complexidade logística. A iniciativa marca sua transição definitiva para o empreendedorismo cultural.
Paulo Bonfá, que se consagrou nos anos 1990 como humorista e comunicador, decidiu dar um novo rumo à carreira. Em parceria com Roberto Souza Leão, ex-diretor do Instituto Tomie Ohtake, Bonfá fundou o Instituto Totex, responsável por trazer ao Brasil a maior exposição de Andy Warhol fora dos Estados Unidos. Com mais de 600 obras vindas diretamente do The Andy Warhol Museum, a mostra está em cartaz no Museu de Arte Brasileira da FAAP, em São Paulo.
Segundo Bonfá, sua experiência com comunicação em rádio, TV e internet lhe deu a convicção de que o conteúdo é o que importa — independentemente da plataforma. Essa visão sustenta sua atuação atual como empreendedor cultural, atividade que ele descreve como uma “caminhada natural” após mais de 30 anos de carreira artística.
O Instituto Totex surgiu com a missão de democratizar o acesso à cultura, conectar arte e educação e valorizar a economia criativa. A megaexposição de Warhol exigiu uma logística complexa, envolvendo três voos em datas distintas, caixas herméticas, controle rigoroso de temperatura e segurança reforçada. Cada obra foi acompanhada de representantes do museu americano e brasileiros durante o transporte. Mais de 300 empregos diretos e indiretos foram gerados.
Para Leão, a realização desse tipo de projeto requer experiência e credibilidade. Muitas das obras nunca haviam saído dos EUA, o que demandou três anos de negociação. A proposta inicial previa 100 peças, mas, com insistência, os organizadores conseguiram um conjunto muito mais amplo que cobre as várias facetas de Warhol — como artista visual, cineasta, designer e empresário.
O Instituto Totex já havia promovido em 2024 a exposição “Desafio Salvador Dalí”, que atraiu mais de 80 mil visitantes e teve sua duração prorrogada. Para o futuro, o plano é realizar uma grande mostra internacional por ano, embora o tema da próxima exposição ainda seja mantido em sigilo.
Bonfá destaca que a aproximação entre público e museus é uma questão de “saúde mental” e transformação social, enquanto Leão ressalta a importância de políticas públicas como a Lei Rouanet, responsável por apenas 0,67% do incentivo fiscal nacional, mas fundamental para a sustentabilidade de instituições culturais.
A iniciativa da dupla reforça o papel estratégico da economia criativa no Brasil — um setor que, além de gerar empregos e renda, tem potencial de formar cidadãos críticos e engajados por meio do acesso à arte.
