Pentágono Remove Conteúdos sobre Diversidade Após Ordem de Trump, Apagando Legados de Mulheres e Minorias

Fotos de pioneiras militares e heróis de guerra, como os Tuskegee Airmen, desaparecem de plataformas oficiais em conformidade com diretriz federal.

Washington (EUA), 08/03/2025 – O Departamento de Defesa dos Estados Unidos deu início à exclusão de mais de 26 mil imagens e postagens relacionadas a diversidade, equidade e inclusão (DEI) de suas plataformas digitais, um processo que pode alcançar até 100 mil itens, segundo informações divulgadas pela Associated Press (AP) na quinta-feira (7). A medida, que abrange todas as ramificações militares, segue uma ordem executiva do presidente Donald Trump que encerrou programas de DEI no governo federal, com o prazo para remoção estipulado até quarta-feira (6) pelo secretário de Defesa, Pete Hegseth.

O Escopo da Remoção

A ação visa apagar conteúdos que destacam conquistas de mulheres e minorias, incluindo referências históricas emblemáticas. Entre os materiais marcados estão fotos das primeiras mulheres a completar o treinamento de infantaria dos Fuzileiros Navais, imagens do bombardeiro Enola Gay — que lançou a bomba atômica sobre Hiroshima em 1945 — e registros de um herói condecorado da Segunda Guerra Mundial. Também estão na mira postagens sobre meses comemorativos dedicados a negros, hispânicos e mulheres, além de imagens dos Tuskegee Airmen, os primeiros pilotos militares negros dos EUA, cuja preservação ainda é incerta devido a seu valor histórico.

A AP revelou confusão entre as agências militares sobre os critérios de exclusão. Algumas fotos foram sinalizadas simplesmente por conterem a palavra “gay” em seus metadados — como no caso do Enola Gay ou de militares com esse sobrenome —, evidenciando a amplitude e, por vezes, a falta de precisão do processo. “A maioria do conteúdo visado celebra mulheres e minorias, mas a aplicação parece inconsistente”, observou um oficial anônimo à AP.

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Diretriz de Trump e Reação do Pentágono

A ordem de Trump reflete uma promessa de campanha de eliminar o que ele chama de “ideologia divisiva” no governo, priorizando uma visão de meritocracia que rejeita políticas de DEI. Hegseth, alinhado a essa agenda, declarou que “DEI está morto” e que tais programas “ameaçam a camaradagem e a execução de missões” nas Forças Armadas. “Estamos satisfeitos com a rápida conformidade em todo o Departamento com a diretiva de retirar o conteúdo DEI de todas as plataformas”, afirmou o porta-voz do Pentágono, John Ullyot, em comunicado à AP.

O banco de dados com as 26 mil imagens foi criado para cumprir leis federais de arquivamento, mas a responsabilidade de preservar cada item foi delegada às unidades individuais, levantando temores de que parte do conteúdo histórico possa ser perdida permanentemente. “Não há garantia de que tudo foi arquivado adequadamente”, alertou o oficial entrevistado pela AP.

Polêmica e Implicações

A remoção em massa gerou críticas de ativistas e historiadores, que veem o apagamento como um ataque à memória coletiva e ao reconhecimento de minorias nas Forças Armadas. Os Tuskegee Airmen, por exemplo, são um símbolo de superação do racismo institucional, e sua possível exclusão foi recebida com indignação em redes sociais. “Estão apagando nossa história por capricho político”, postou um usuário no X. Já defensores da medida argumentam que ela reforça a coesão militar ao eliminar “distrações ideológicas”.

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A decisão ocorre em um contexto mais amplo de reversão de políticas de inclusão nos EUA sob Trump, que já suspendeu programas de diversidade em outras agências federais e proibiu o serviço militar de pessoas transgênero. Enquanto o Pentágono avança na implementação, o debate sobre o equilíbrio entre unidade militar e reconhecimento histórico promete se intensificar, com o risco de que legados significativos sejam sacrificados em nome da nova diretriz.


Texto adaptado de informações da Associated Press e revisado pela nossa redação.

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