Da Quase Extinção ao Reconhecimento Mundial: Conheça o Buldogue-Campeiro, o Cão Gaúcho que Conquista a Expointer

Raça brasileira, adaptada à lida no campo, recebe certificação internacional em 2025 e se torna destaque na maior feira agropecuária do Rio Grande do Sul.

Uma história de superação e orgulho gaúcho ganha os holofotes no último dia da Expointer 2025, em Esteio (RS). O Buldogue-Campeiro, um cão robusto e dócil forjado na lida do campo, celebra um ano histórico após ter sido reconhecido internacionalmente pela Federação Internacional de Cinofilia (FCI). A conquista, oficializada em agosto de 2025, coroa um esforço de décadas de criadores dedicados que resgataram a raça de uma quase extinção e agora a apresentam como um patrimônio brasileiro para o mundo.

Neste domingo (7), a Confederação Brasileira de Cinologia (CBKC) e a Federação Cinológica do Rio Grande do Sul (Fecirs) promovem uma apresentação especial da raça na pista central do Parque de Exposições Assis Brasil, celebrando suas habilidades e sua nova certificação.

O Parceiro da Lida Campeira

O Buldogue-Campeiro é, em sua essência, um cão de trabalho. Criado para a contenção de rebanhos, ele é um auxiliar valioso para o gaúcho na lida com gado e ovelhas. Segundo o criador Jonathan Barbieri, de Viamão (RS), o reconhecimento internacional representa um momento incrível para a raça. “Representa o campo e a pecuária de uma lida, que trabalha com gado e com ovelha, com reconhecimento internacional pela FCI, do Brasil para o mundo”, explica Barbieri.

As características que o tornam ideal para o serviço são um temperamento manso, boa capacidade respiratória e uma estrutura física funcional, moldada para as duras condições do trabalho no campo.

A Virada: Da Sobrevivência à Certificação

A trajetória da raça é uma verdadeira saga. O pecuarista e criador Matheus Caldasso, da Fazenda Paraíso, em Cristal (RS), lembra que há 30 anos a raça quase entrou em extinção. O trabalho de resgate e melhoramento genético foi longo e meticuloso, culminando em um processo de cinco anos junto à FCI para obter o certificado internacional, que foi expedido na Islândia.

O esforço, liderado pelo Conselho Brasileiro dos Criadores de Buldogue-Campeiro em contato com a CBKC, envolveu diversas exposições e exames morfológicos para comprovar o padrão e a qualidade da raça, garantindo que as novas gerações, como as que nascem com o registro “Paraíso dos Campeiros” de Caldasso, mantenham a excelência de sua origem.

Mais que um Cão de Trabalho

Apesar de sua vocação para o campo, o Buldogue-Campeiro se destaca também como um cão de guarda e, principalmente, de companhia. Matheus Caldasso ressalta que o animal é “extremamente saudável, dócil e que pode ser trabalhado tanto para o campo como com crianças com algum grau de deficiência ou transtorno”. O espaço aberto na Expointer é visto como uma oportunidade para que o público, especialmente as crianças, possa ter contato direto com essa docilidade.

Para a criadora Saionara Franco, do canil Estância Farrapa, a certificação confirma a melhora genética de um cão que é a cara do Sul. “É um cão gaúcho, reconhecido internacionalmente, que pode ser exportado para o mundo”, afirma. A raça, que já foi enviada para todo o Brasil e Uruguai, agora tem as portas abertas para novos continentes.

Um Patrimônio Brasileiro

A história do Buldogue-Campeiro é mais do que uma vitória para a cinofilia nacional; é um exemplo poderoso da preservação de um patrimônio cultural e genético brasileiro. O reconhecimento internacional não apenas valoriza o trabalho dos criadores, mas celebra a resiliência e a riqueza da cultura do campo, mostrando que as tradições e os saberes do interior do Brasil têm valor e relevância global.

Da redação com informações de Fabrízio Fernández/Ascom Expointer

Redação do Movimento PB [NMG-OGO-07092025-8F4E2B-15P]