Resistência e Estratégia: A Vitória do Vietnã contra o Imperialismo Norte-americano


Artigo publicado no portal Poucas Palavras faz Análise detalhada e revela táticas revolucionárias e resistência vietnamita que superaram intervenção militar dos EUA, culminando na reunificação do país.

A Divisão do Vietnã e a Intervenção Norte-americana
Após a queda de Dien Bien Phu em 1954, considerada um marco na luta anticolonial, o Acordo de Genebra estabeleceu a divisão do Vietnã no paralelo 17. Contudo, os Estados Unidos ignoraram o tratado e instalaram um governo aliado no Sul, liderado por Ngo Dinh Diem. Brian Crozier, jornalista estadunidense, descreveu a vitória vietnamita como “um dos maiores triunfos comunistas na Ásia”, destacando a combinação do “gênio militar de Vo Nguyen Giap” e o apoio chinês pós-1949. A recusa de Diem em realizar eleições unificadoras, conforme previsto em Genebra, e a repressão a opositores aceleraram a insurgência armada no Sul.

Soldados da FNL sabotando a Linha McNamara
Fonte: Museu de Quang Tri (10 jan. 2024)

A Estratégia Revolucionária da Frente Nacional de Libertação
Em resposta à opressão, a Frente Nacional de Libertação do Vietnã do Sul (FNL) foi criada em 1960, reunindo grupos políticos e religiosos sob um programa que incluía reforma agrária e representatividade popular. A FNL, pejorativamente chamada de “vietcong” pelos EUA, mobilizou camponeses e budistas — este último grupo marginalizado pelo governo católico de Diem. A resistência ganhou força com sabotagens e ataques a figuras-chave do regime, mesmo diante da inicial hesitação de Ho Chi Minh.

Monitoramento aéreo (1968)
Fonte: Museu de Reminiscências da Guerra (1º fev. 2020)

As Fases da Intervenção dos EUA e a Crise Política
A intervenção norte-americana dividiu-se em três etapas, segundo Crozier. A primeira (1954-1961) envolveu apoio financeiro e militar ao governo de Diem, incluindo treinamento de tropas e modernização administrativa. A segunda (1961-1965) marcou a entrada direta de tropas dos EUA, após o fracasso do programa “aldeias estratégicas”, que buscava isolar guerrilheiros da população rural. A terceira fase, iniciada com o Incidente do Golfo de Tonquim em 1964, legitimou bombardeios maciços e o envio de mais soldados.

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O Golfo de Tonquim e a Escalada Militar
O pretexto para intensificar a guerra surgiu em 2 de agosto de 1964, quando o destroier Maddox foi supostamente atacado no Golfo de Tonquim. O presidente Lyndon Johnson usou o episódio para obter aprovação no Congresso a ações militares ampliadas. A Operação Rolling Thunder, iniciada em 1965, lançou 864 mil toneladas de bombas sobre o Vietnã do Norte em 44 meses. Paralelamente, o general William Westmoreland implementou a tática de “busca e destruição”, que resultou em mortes indiscriminadas de civis.

Crise Interna e Desgaste do Apoio Popular
A instabilidade política no Sul, com golpes sucessivos após a queda de Diem em 1963, minou a credibilidade do regime aliado. Protestos budistas, como o autoimolação do monge Thich Quang Duo em 1963, expuseram a repressão religiosa. Enquanto isso, a FNL expandiu seu controle territorial, chegando a 17 mil guerrilheiros em 1964. Henry Kissinger, então assessor do governo, alertou em 1965 sobre os riscos da estratégia militar: “A pressão baseada em bombardeios mobilizará a opinião mundial contra nós”.

Legado de uma Guerra Prolongada
A resistência vietnamita, combinando táticas de guerrilha e apoio popular, desafiou a superioridade tecnológica dos EUA. Apesar do envio de 500 mil soldados até 1968, a ofensiva do Tet em 1968 abalou a confiança interna nos EUA. A guerra, inicialmente apoiada por 80% da população norte-americana, tornou-se símbolo de intervenção falha, custando mais de 58 mil vidas estadunidenses e cerca de 2 milhões de vietnamitas.

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Texto adaptado de Outras Palavras e revisado pela nossa redação.


Por Daniel M. Huertas
Publicado 05/05/2025 às 20:26 – Atualizado 07/05/2025 às 13:13 – Leia o artigo original aqui.

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