Secretaria de Segurança Pública do Rio e Anatel trabalham juntas para combater provedores de internet controlados por facções criminosas

A Secretaria de Segurança Pública do Rio iniciou uma colaboração com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para identificar provedores de internet suspeitos de estarem sob controle de facções criminosas. Durante uma reunião realizada nesta segunda-feira, a Secretaria apresentou à Anatel uma lista de empresas operando no estado, que, conforme investigações, podem ter ligações com o crime organizado. Essa parceria, em sua primeira fase, busca mapear as áreas de atuação dos provedores e desenvolver estratégias para interromper a operação de empresas irregulares ou suspeitas.

Entre as ações discutidas, destaca-se a elaboração de um mapa que identifique as zonas de atuação dos provedores suspeitos, com foco nas regiões dominadas por facções, como o Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio. A subsecretária de Inteligência da Secretaria de Segurança explicou que está sendo realizado um levantamento de todas as empresas que atuam em comunidades, com o objetivo de identificar práticas criminosas, como extorsão e monopólio no fornecimento de internet.

Investigações apontam que, em algumas áreas, uma única empresa domina o fornecimento de internet, o que pode estar relacionado a práticas ilegais de controle de mercado e cobrança de taxas fraudulentas.

Em resposta, a Anatel informou que sua atuação está voltada à concessão, regulamentação e fiscalização dos serviços de telecomunicações, garantindo o cumprimento das obrigações técnicas estabelecidas pela Lei Geral de Telecomunicações. A Agência destacou que a investigação sobre ligações de empresas com facções criminosas não está dentro de suas atribuições.

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Ameaças e intimidações a técnicos

Recentemente, técnicos de empresas de telefonia e internet têm sido intimidados por traficantes ligados ao criminoso Álvaro Malaquias Santa Rosa, conhecido como “Peixão”, chefe do tráfico no Complexo de Israel. Desde setembro de 2023, técnicos das operadoras Vivo, Claro, Tim e Oi foram ameaçados de morte caso não abandonassem a região, durante a instalação e manutenção de serviços legalizados.

A empresa RDO Telecomunicações LTDA, que opera sob o nome fantasia Cestas Básicas Lu e Re, é uma das principais suspeitas de envolvimento nessa atividade ilegal. A companhia tem exclusividade no fornecimento de internet no Complexo de Israel e está sendo investigada por sua possível associação com o tráfico de drogas comandado por Peixão. Traficantes da facção Terceiro Comando Puro (TCP), sob ordens de Peixão, impõem a contratação do serviço da RDO Telecomunicações, intimidando moradores e profissionais da área.

O domínio exclusivo da RDO Telecomunicações na região tem gerado crescente preocupação. Além das ameaças, traficantes roubam equipamentos das empresas regulares e começam a oferecer seus próprios serviços de internet, consolidando um monopólio criminoso. O caso está sendo acompanhado pelo Judiciário, que pode determinar a prisão dos envolvidos e autorizar mandados de busca e apreensão.

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