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Sonho dos 100 anos fica mais distante para nascidos após 1939, aponta estudo

Aumento da expectativa de vida desacelerou pela metade em comparação com o início do século XX; ganhos com queda da mortalidade infantil atingiram um teto, dizem pesquisadores.

Um novo estudo publicado na prestigiada revista científica *Proceedings of the National Academy of Sciences* (PNAS) traz uma conclusão sóbria sobre o futuro da longevidade humana: o aumento na expectativa de vida vem desacelerando. A pesquisa, que analisou dados de 23 países de alta renda, descobriu que as gerações nascidas após 1939 não estão experimentando os mesmos saltos de longevidade que as gerações da primeira metade do século XX.

Segundo os cientistas, se a tendência anterior tivesse se mantido, uma pessoa nascida em 1980 poderia realisticamente esperar viver até os 100 anos. A nova realidade, no entanto, é bem diferente.

Para quem não é da área, podemos simplificar alguns termos…

Imagine que a expectativa de vida é um carro de corrida. No início do século XX, o carro estava quase parado. Então, os “engenheiros” (médicos e cientistas) inventaram o “motor a combustão” (vacinas, antibióticos, saneamento básico). Isso fez o carro dar um salto de velocidade gigantesco, pois resolveu o maior problema: a alta mortalidade infantil. Cada bebê que deixava de morrer adicionava muitos anos à média geral. Hoje, nosso “carro” já está em alta velocidade. A mortalidade infantil é muito baixa, então não há mais grandes “saltos” de velocidade a serem dados nessa área. Para continuar acelerando, precisaríamos de uma nova revolução, como curar o câncer ou o envelhecimento, o que é muito mais difícil. Por isso, o carro continua avançando, mas a aceleração (o aumento da expectativa de vida) é muito menor.

O Fim da Aceleração da Longevidade

Os números da pesquisa são claros. De 1900 a 1938, a expectativa de vida aumentou, em média, cinco meses e meio a cada nova geração. Para os nascidos entre 1939 e 2000, esse aumento caiu para cerca de dois meses e meio a três meses e meio. De acordo com José Andrade, pesquisador do Instituto Max Planck e principal autor do estudo, a taxa de ganho na expectativa de vida diminuiu entre 37% e 52%. Para garantir a robustez dos dados, a equipe utilizou seis métodos diferentes de previsão de mortalidade.

Por Que Estamos Vivendo Mais, só que Mais Devagar?

A explicação para essa desaceleração está nos grandes sucessos da saúde pública do passado. Segundo os pesquisadores, os picos anteriores de longevidade foram impulsionados por melhorias notáveis na sobrevivência em idades muito jovens. A drástica queda na mortalidade infantil, graças a vacinas e melhores condições sanitárias, adicionou muitos anos à expectativa de vida média da população.

Hoje, a mortalidade nessas faixas etárias já é tão baixa que há pouco espaço para melhorias significativas. As previsões indicam que a mortalidade nas faixas etárias mais avançadas não melhorará com rapidez suficiente para compensar esse declínio no ritmo de ganhos.

Um Futuro de Ganhos Modestos

Os cientistas consideram o resultado altamente robusto, argumentando que, mesmo que a sobrevivência entre adultos e idosos melhorasse ao dobro da taxa prevista, os ganhos na expectativa de vida ainda ficariam muito aquém dos alcançados no início do século XX.

O estudo oferece uma dose de realismo estatístico às narrativas otimistas sobre a longevidade. Ele sugere que atingimos um ponto de rendimentos decrescentes das grandes vitórias da saúde pública do século passado. O desafio para as gerações atuais não é mais o de sobreviver à infância, mas o de combater as complexas doenças da velhice. Sem uma nova revolução médica, o sonho de uma vida centenária para a maioria permanecerá uma exceção, e não a regra.

Da redação com informações de portais de ciência

Redação do Movimento PB [NMG-OOG-15092025-J7K8L9-15P]


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