Nova ferramenta da rede social promete agitar o comércio eletrônico brasileiro com foco em consumo e conteúdo, mas varejistas precisam se adaptar rapidamente.
A TikTok Shop, funcionalidade que transforma o TikTok em uma plataforma de vendas diretas, deve desembarcar no Brasil em abril de 2025, apenas um mês após sua estreia no México. A informação, baseada em relatórios do Santander e do Itaú BBA com dados do site chinês DSB, sinaliza a entrada de um novo competidor no já aquecido mercado de e-commerce brasileiro. Embora o TikTok não tenha confirmado oficialmente a data à CNN Brasil, o potencial de impacto é evidente: com 111,3 milhões de usuários no país — o terceiro maior mercado global da plataforma —, a TikTok Shop pode capturar entre 5% e 9% do comércio eletrônico nacional em três anos, segundo estimativas do Santander.
Como Funciona e o Que Esperar
A TikTok Shop integra compras ao entretenimento, permitindo que marcas e criadores vendam produtos diretamente via vídeos e lives, com pagamento e checkout dentro do aplicativo. No México, onde estreou em março, a plataforma priorizou parcerias com empresas locais, ofereceu incentivos como frete grátis e isenção de comissões nos primeiros 90 dias, e se destacou em categorias como beleza, moda e eletrônicos. No Brasil, o Santander prevê uma estratégia semelhante, mas com restrições iniciais: nada de joias, alimentos ou itens usados.
O Itaú BBA calcula que a ferramenta pode injetar até R$ 3 bilhões no e-commerce local, inspirado por seu desempenho global — US$ 9 bilhões em vendas nos EUA, US$ 6,2 bilhões na Indonésia e US$ 5,7 bilhões na Tailândia em 2024. Contudo, o banco observa que o sucesso nos EUA veio mais de marcas de nicho e virais, não de gigantes tradicionais, o que sugere um modelo de vendas baseado em conteúdo criativo e engajamento, mais que em escala pura.
Impactos no Mercado Brasileiro
O Brasil, com um e-commerce que movimentou R$ 185 bilhões em 2024 (segundo a ABComm), verá a TikTok Shop como um divisor de águas no social commerce. Relatórios apontam empresas bem posicionadas e outras em risco:
- Vantagem para:
- C&A, Magazine Luiza, Mercado Livre, Natura e Renner — o Santander destaca que essas marcas têm alta afinidade com o público jovem do TikTok (65% dos usuários têm menos de 34 anos) e experiência em estratégias digitais. O Mercado Livre, líder com 33% do mercado, pode se beneficiar de parcerias iniciais, como no México.
- Desafios para:
- Azzas 2154 (Arezzo&Co + Soma), Guararapes (Riachuelo), Grupo SBF e Vulcabras — essas empresas, menos adaptadas ao formato de vendas por vídeo ou com menor presença no digital, podem perder terreno se não ajustarem suas estratégias.
O Itaú BBA alerta que o Mercado Livre, apesar de forte, enfrenta riscos com pequenos vendedores — foco da TikTok Shop —, especialmente em beleza e saúde, categorias que o ML tem priorizado. Posts no X reforçam essa percepção: “TikTok Shop pode avançar sobre o nicho do MELI”, escreveu
@sigaif em 10 de março.
O Potencial do Brasil e os Desafios
Com o terceiro maior número de usuários do TikTok (atrás de Indonésia, com 161,1 milhões, e EUA, com 137,9 milhões), o Brasil é um mercado estratégico. A plataforma já influencia 43% das decisões de compra dos brasileiros, segundo a Opinion Box (2024), e sua chegada oficial ao e-commerce pode acelerar essa tendência. O Santander prevê que, em três anos, a TikTok Shop alcance R$ 9 bilhões a R$ 16 bilhões em valor bruto de mercadorias (GMV), rivalizando com players como Shopee e Amazon Brasil.
No entanto, há desafios. O Itaú aponta que grandes varejistas globais tiveram dificuldade em se adaptar ao modelo da TikTok Shop, que privilegia marcas ágeis e conteúdos virais. Para o Santander, os varejistas brasileiros precisam urgentemente desenvolver campanhas específicas para vídeos curtos e lives, além de parcerias com influenciadores — 78% dos compradores do TikTok descobrem produtos por eles, segundo a AMZ Scout (2025). A falta de confirmação oficial do TikTok também gera incerteza, mas o consenso é que o lançamento está próximo.
Um Novo Paradigma no E-commerce
A TikTok Shop não apenas competirá com gigantes como Mercado Livre e Magazine Luiza, mas redefinirá o consumo online no Brasil, onde preço e conveniência dominam. Seus incentivos iniciais — como frete grátis e isenção de taxas — podem atrair pequenos lojistas, enquanto o foco em beleza e moda alavanca o apelo entre jovens. Contudo, o sucesso dependerá da capacidade de marcas e vendedores de abraçar o social commerce como uma extensão natural do entretenimento digital. Para os despreparados, o risco é ficar à margem de uma revolução que já começou.
Texto baseado em relatórios do Santander, Itaú BBA e dados da CNN Brasil, revisado pela nossa redação.
