Tratamento Precoce da Apneia do Sono Pode Reduzir Risco de Parkinson, Sugere Estudo

Um novo estudo de grande escala sugere que o tratamento precoce da apneia obstrutiva do sono (AOS), uma condição que causa breves interrupções na respiração durante o sono, pode diminuir o risco de desenvolver a doença de Parkinson.
Apneia do Sono e Parkinson: Uma Ligação Inesperada
Publicada no periódico JAMA Neurology, a pesquisa analisou os registros de saúde de mais de 11 milhões de veteranos dos EUA, acompanhados entre 1999 e 2022. Os resultados indicaram que veteranos diagnosticados com AOS em um período de dois anos foram quase duas vezes mais propensos a receber um diagnóstico de Parkinson nos seis anos seguintes, em comparação com aqueles sem apneia do sono.
No entanto, o estudo trouxe uma notícia encorajadora: aqueles que iniciaram o uso de uma máquina CPAP (pressão positiva contínua nas vias aéreas) dentro de dois anos do diagnóstico de AOS reduziram seu risco de Parkinson em cerca de 30%. O CPAP é um dispositivo que mantém as vias aéreas abertas durante o sono, melhorando a qualidade do descanso e mitigando riscos à saúde.
A Importância da Oxigenação Cerebral
Dr. Lee Neilson, coautor do estudo e neurologista da OHSU, explicou a lógica por trás dos achados. “Sabemos que pessoas com Parkinson têm muitas dificuldades com o sono, então fazia sentido que as dificuldades de sono estivessem acontecendo ainda mais cedo, antes do início da doença”, disse ele. Neilson complementou que a falta de sono de qualidade e a privação de oxigênio no cérebro durante a noite podem ser um fator contribuinte para o desenvolvimento da doença.
A doença de Parkinson é um distúrbio neurodegenerativo caracterizado pelo enfraquecimento e morte de células nervosas, especialmente na substância negra, uma área do cérebro crucial para a produção de dopamina, neurotransmissor que controla o movimento. A doença afeta mais de 1,1 milhão de pessoas nos EUA, com previsão de atingir 1,2 milhão até 2030.
Limitações e Próximos Passos
Apesar dos resultados promissores, o Dr. Neilson enfatiza que ter apneia do sono não sentencia ninguém ao Parkinson, mas representa um risco aumentado real. Ele também apontou algumas limitações do estudo, incluindo a predominância de participantes homens brancos, sugerindo a necessidade de pesquisas com minorias sub-representadas. Outra limitação foi a impossibilidade de avaliar a adesão dos pacientes ao uso do CPAP, um fator crucial para a eficácia do tratamento.
Especialistas externos, como o Dr. Richard Isaacson, neurologista preventivo, veem os achados com otimismo, sugerindo que a apneia do sono pode acelerar a progressão da doença devido ao impacto na oxigenação cerebral e na saúde vascular do cérebro. Contudo, o Dr. Stuart Isaacson, diretor de um centro de distúrbios do movimento, ressalta que o estudo não estabelece uma relação de causa e efeito definitiva, pois as únicas causas conhecidas do Parkinson são genéticas. Ele, no entanto, considera o estudo importante por identificar um possível fator de risco modificável.
A pesquisa reforça a importância do diagnóstico e tratamento precoces da apneia do sono, não apenas para a qualidade de vida, mas potencialmente para a prevenção de doenças neurodegenerativas graves.Da redação do Movimento PB.
