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O Que Aconteceria Se a Usina Nuclear de Fordow, no Irã, Fosse Explodida?

Especialistas avaliam que uma explosão na usina de Fordow, no Irã, causaria mais danos químicos do que nucleares, mas impacto seria limitado.

Contexto do Conflito

Desde 13 de junho de 2025, Israel intensificou ataques contra instalações nucleares iranianas, incluindo Fordow, em Qom, a 80-90 metros sob uma montanha. A usina, um dos principais centros de enriquecimento de urânio do Irã, foi atingida, mas a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) relatou danos limitados até 17 de junho. A escalada, parte da operação “Leão Ascendente”, levanta temores sobre as consequências de uma explosão em Fordow.

Para Entender de Forma Simples

Fordow não é uma usina nuclear que gera energia, como Angra dos Reis, mas uma fábrica que enriquece urânio, material usado em reatores ou, em alta pureza, em bombas nucleares. Uma explosão seria como detonar uma indústria química, liberando gases tóxicos e poeira radioativa, mas não uma catástrofe como Chernobyl, pois não há reator nuclear ativo.

Natureza da Usina

Eduardo Cabral, pesquisador da Comissão Nacional de Energia Nuclear, explica que Fordow é uma “instalação industrial” com cerca de 2.700 centrífugas, operando a 60% da capacidade, para enriquecer urânio. Em 2023, a AIEA detectou urânio a 83,7% de pureza, próximo dos 90% necessários para armas nucleares. A usina, construída entre 2002 e 2004, é protegida por sua localização subterrânea, projetada contra ataques, segundo o Irã.

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Impactos de uma Explosão

Cabral destaca que uma explosão seria “mais química do que nuclear”. O hexafluoreto de urânio (UF6), usado no enriquecimento, é corrosivo e, se liberado, pode causar danos respiratórios e contaminação local. A AIEA confirmou que os níveis de radiação permanecem normais, indicando que os danos até agora não comprometeram o subsolo. No entanto, uma destruição total poderia:

  • Contaminação localizada: Poeira radioativa afetaria áreas próximas, mas a profundidade da usina limitaria a dispersão.
  • Risco químico: Gases tóxicos, como flúor, poderiam causar mais vítimas do que radiação.
  • Impacto ambiental: Menor que Chernobyl, mas exigiria monitoramento de longo prazo.

Desafios para Destruir Fordow

Israel Katz, ministro da Defesa israelense, afirmou que apenas a bomba americana GBU-57, uma “bunker buster” de 14 toneladas, poderia destruir Fordow, devido à sua proteção subterrânea. Israel não possui essa arma nem o bombardeiro B-2 necessário, pressionando os EUA, que hesitam em se envolver diretamente. A AIEA relatou que Fordow não sofreu danos significativos até 17 de junho, ao contrário de Natanz, onde centrífugas foram destruídas.

Implicações Estratégicas

Fernanda Brandão, da Faculdade Mackenzie, destaca que Israel vê Fordow como o “coração” do programa nuclear iraniano, mas sanções econômicas falharam em deter Teerã. Um ataque bem-sucedido atrasaria o programa, mas não o eliminaria, devido à resiliência iraniana, como visto após o vírus Stuxnet em 2010. A destruição total exigiria apoio americano, o que Donald Trump resiste, temendo retaliação iraniana contra tropas dos EUA.

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Riscos Regionais

Uma explosão em Fordow, mesmo limitada, poderia escalar o conflito. O Irã prometeu “punição severa”, enquanto Ali Khamenei acusou Israel de violar a soberania. A contaminação química poderia afetar Qom, uma cidade sagrada, intensificando protestos. A comunidade internacional, incluindo o G7, pede desescalada, mas a tensão persiste, com impactos globais como a alta de 9% no petróleo.

Fontes: Com informações de Valor Econômico, G1, O Globo, Reuters e AIEA.

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