Alemanha Acelera Rearmamento com Fábrica da Volkswagen Convertida para Produção de Tanques


Rheinmetall ultrapassa Volkswagen em valor de mercado e simboliza virada industrial em meio a tensões geopolíticas.


Da Linha de Montagem aos Campos de Batalha

A fábrica da Volkswagen em Osnabrück, que por décadas produziu modelos como o Tiguan, está no centro de uma transformação histórica. A Rheinmetall, gigante do setor bélico alemão, negocia a aquisição do complexo para fabricar veículos blindados e tanques. O acordo simboliza uma mudança estrutural na economia do país, tradicionalmente dominada pela indústria automotiva, agora pressionada a priorizar a defesa.

“Há cinco anos, essa conversão seria impensável. Hoje, é uma necessidade estratégica”, afirma Klaus Müller, analista do Instituto Alemão de Estudos Globais.


Rheinmetall: O Novo Titã Industrial

  • Valor de mercado: Triplicou desde a eleição de Donald Trump em 2024, atingindo € 28 bilhões — à frente dos € 25 bilhões da Volkswagen;
  • Crescimento: Impulsionado pela expectativa de aumento de 30% nos gastos militares europeus até 2026;
  • Projeções: A empresa prevê faturamento de € 10 bilhões em 2025, com contratos para fornecer munições e sistemas antiaéreos à Ucrânia.

Enquanto a Volkswagen enfrenta queda na demanda por veículos elétricos e concorrência chinesa, a Rheinmetall expande sua capacidade produtiva, com planos de abrir mais duas fábricas na Alemanha até 2026.


Contexto Geopolítico: A Europa Sob Pressão

A invasão russa da Ucrânia (2022) e a retórica de Donald Trump — que ameaçou reduzir o apoio dos EUA à OTAN — aceleraram o debate sobre “autossuficiência defensiva” na Europa. Para a Alemanha, isso significa:

  1. Aumentar gastos militares para 2,5% do PIB (ante 1,4% em 2021);
  2. Modernizar arsenais obsoletos, herdados da Guerra Fria;
  3. Converter capacidade industrial civil para fins bélicos, como na 2ª Guerra Mundial.
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“Trump forçou a Europa a acordar. Sem os EUA como garantidores, precisamos de um complexo industrial-militar robusto”, declarou Annalena Baerbock, ministra das Relações Exteriores da Alemanha.


Implicações Econômicas e Sociais

A conversão de fábricas como a de Osnabrück traz dilemas:

  • Empregos: 1.200 trabalhadores da Volkswagen serão realocados para a Rheinmetall, com treinamento em engenharia militar;
  • Meio ambiente: Ativistas criticam o paradoxo de priorizar armas em meio à transição verde;
  • Dependência industrial: 60% dos fornecedores da Rheinmetall são ex-parceiros da indústria automotiva.

“Não se trata apenas de tanques. Estamos redefinindo o DNA industrial alemão”, disse Armin Papperger, CEO da Rheinmetall.


O Que Esperar

  • Expansão militar: A Rheinmetall planeja produzir 500 tanques Lynx KF41 até 2027;
  • Novos contratos: Negociações em curso com Polônia, França e Ucrânia;
  • Impacto global: A Alemanha pode se tornar o 3º maior exportador de armas do mundo, ultrapassando a Rússia.

Enquanto tanques rolam das linhas de montagem, a Europa rearma-se para um futuro incerto — e a indústria alemã dita o ritmo.

Texto adaptado de Xataka e revisado pela nossa redação.

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