Ataque à Guarda Nacional Perto da Casa Branca Intensifica Debate Sobre Imigração e Segurança

Dois membros da Guarda Nacional foram criticamente feridos em um tiroteio perto da Casa Branca nesta quarta-feira, um ataque que rapidamente reacendeu o debate sobre políticas de imigração e o uso doméstico de forças militares nos Estados Unidos. O incidente, classificado como um “ato de terror” pelo Presidente Trump, levou a uma suspensão imediata e indefinida dos pedidos de imigração para cidadãos afegãos.
O Ataque e o Suspeito
O tiroteio ocorreu em uma movimentada área turística, próximo à estação de metrô Farragut West, a poucos quarteirões da residência presidencial. Os dois militares, pertencentes à Guarda Nacional da Virgínia Ocidental, foram criticamente feridos. O suspeito, identificado como Rahmanullah Lakanwal, de 29 anos, também ficou ferido e foi detido.
Autoridades de segurança interna confirmaram que Lakanwal entrou nos Estados Unidos em setembro de 2021, através da Operação Boas-Vindas aos Aliados, um programa da era Biden destinado a acolher cidadãos afegãos que fugiam da tomada do poder pelo Talibã após a caótica retirada das tropas americanas.
Reações Políticas e o Debate Migratório
Em um pronunciamento, o Presidente Trump classificou o ataque como um “ato de terror” e prometeu intensificar os esforços do governo para deportar migrantes. Horas após o incidente, o Serviço de Cidadania e Imigração dos EUA (USCIS) anunciou a suspensão indefinida do processamento de todos os pedidos de imigração relacionados a cidadãos afegãos, “pendente de revisão dos protocolos de segurança e verificação”.
Essa medida impacta diretamente afegãos buscando asilo, green cards e aqueles que se candidataram ao programa de Vistos Especiais de Imigrante (SIV), crucial para quem auxiliou o governo dos EUA durante a guerra de 20 anos no Afeganistão. Organizações como o International Refugee Assistance Project expressaram preocupação com o futuro desses programas, já que o programa SIV era um dos poucos caminhos restantes para muitos.
A decisão presidencial também se alinha a uma tendência de queda acentuada nos reassentamentos de afegãos nos EUA desde o início do segundo mandato de Trump, e ocorre após a retirada das proteções humanitárias para afegãos já reassentados, sob a alegação de “melhora na situação de segurança e economia” no Afeganistão, uma afirmação contestada por dados que indicam que mais da metade da população afegã necessita de assistência humanitária.
A Polêmica do Uso da Guarda Nacional
O ataque intensifica a já acalorada controvérsia sobre o uso da Guarda Nacional em missões domésticas de aplicação da lei. O Presidente Trump ordenou o envio de mais 500 tropas para Washington, somando-se às mais de 2.000 já presentes, para “combater o crime”.
Entretanto, essa prática tem sido alvo de contestações legais. Na semana passada, uma juíza federal suspendeu temporariamente o destacamento da Guarda Nacional em Washington, considerando-o “provavelmente ilegal” e uma violação dos direitos de autogoverno da cidade, além de exceder a autoridade presidencial. A administração Trump solicitou o bloqueio dessa decisão após o tiroteio.
Membros da Guarda Nacional e ex-líderes expressaram preocupação com a segurança das tropas em patrulhas a pé em áreas visíveis, um papel para o qual não são tradicionalmente treinados. O Posse Comitatus Act, lei do século XIX, geralmente proíbe o uso de tropas federais para aplicação da lei civil doméstica, embora o Distrito de Columbia apresente algumas exceções.
Contexto da ‘Operation Allies Welcome’
A Operação Boas-Vindas aos Aliados foi lançada em 2021 pela administração Biden para facilitar a entrada de cerca de 77.000 afegãos vulneráveis nos EUA, após a queda de Cabul. O programa concedia permissões de permanência de dois anos, sem status de imigração permanente, exigindo que os beneficiários solicitassem outros meios para permanecer no país.
Desde sua criação, o programa foi alvo de escrutínio republicano, com alegações de falhas nos processos de verificação de segurança. O Inspetor Geral do Departamento de Segurança Interna identificou imprecisões de dados nos arquivos de alguns indivíduos que passaram pela iniciativa.
Testemunhas e o Cenário Pós-Ataque
Moradores e turistas relataram momentos de pânico. “Eu sabia na hora que eram tiros”, disse Tim Moye, um visitante de Albany, Geórgia. A enfermeira Stacey Walters descreveu ter visto crianças sendo levadas às pressas para um local seguro. A área foi rapidamente isolada com fita amarela e dezenas de veículos de emergência, transformando o cenário festivo da véspera de Ação de Graças em um local de tensão e incerteza.
*Com informações do New York Times e Washington Post
Da redação do Movimento PB.
