Ataque Israelense a Cafeteria em Gaza Mata Dezenas de Civis e Comandante do Hamas
As Forças de Defesa de Israel (IDF) confirmaram ter atingido uma cafeteria movimentada na Cidade de Gaza, resultando na morte de dezenas de civis, mas alegam que o alvo principal era o comandante da força naval do Hamas no norte de Gaza. O incidente, ocorrido na popular cafeteria al-Baqa, no oeste da Cidade de Gaza, na última segunda-feira, gerou choque e luto entre familiares das vítimas, tanto em Gaza quanto no exterior, que relataram à BBC a escala das baixas civis.
Em comunicado divulgado no domingo, a IDF declarou que o ataque vitimou Ramzi Ramadan Abd Ali Saleh, apontado como “fonte significativa de conhecimento” dentro do Hamas e envolvido no planejamento de “ataques terroristas marítimos”. Além de Saleh, a operação também resultou na morte de Hisham Ayman Atiya Mansour, subchefe da unidade de morteiros do Hamas, e Nissim Muhammad Suleiman Abu Sabha. Fontes em Gaza haviam anteriormente informado à BBC que havia rumores sobre a presença de um alto comandante do Hamas na cafeteria no momento do ataque. A IDF afirmou ter tomado medidas para “mitigar o risco de danos a civis”, mas não forneceu detalhes adicionais sobre por que tantas pessoas morreram no incidente.
O Custo Humano e a Relevância do Local Atingido
A BBC, em sua apuração, revisou 29 nomes de pessoas que teriam sido mortas no ataque à cafeteria al-Baqa. Desses, pelo menos nove eram mulheres, e vários eram crianças e adolescentes. A lista de vítimas incluía figuras diversas da sociedade palestina: artistas, estudantes, ativistas sociais, uma boxeadora, um jogador de futebol e funcionários da própria cafeteria. Essa diversidade de perfis entre os mortos sublinha o impacto generalizado do ataque sobre a população civil.
Profissionais do Hospital Shifa, que recebeu os corpos das vítimas, informaram que o número de mortos havia chegado a 40 até a quinta-feira, incluindo aqueles que sucumbiram aos ferimentos e corpos não identificados. Um oficial do hospital descreveu que alguns dos corpos estavam “despedaçados”, e que 72 pacientes feridos foram levados para lá – muitos com queimaduras graves e lesões significativas que exigiram cirurgia. A escala e a natureza dos ferimentos indicam a intensidade do bombardeio.
A cafeteria al-Baqa era um local amplamente reconhecido em toda a Faixa de Gaza, considerada por muitos como um dos pontos de encontro mais pitorescos e vibrantes do território. Sua popularidade permaneceu intacta mesmo durante o conflito, em parte devido à sua conexão incomumente estável com a internet, um recurso valioso em meio à infraestrutura muitas vezes comprometida da região. A IDF não respondeu diretamente a múltiplas perguntas da BBC sobre a proporcionalidade do número de baixas civis em relação ao objetivo militar do ataque.
Em seu comunicado de domingo, a IDF declarou que “continuará a operar contra a organização terrorista Hamas a fim de remover qualquer ameaça aos civis israelenses”, e acrescentou que o “incidente” estava “sob revisão”. Enquanto isso, negociações indiretas entre Israel e Hamas foram iniciadas no Catar no domingo, com o objetivo de discutir a mais recente proposta para um cessar-fogo em Gaza e um acordo de libertação de reféns.
A campanha militar israelense em Gaza foi lançada em resposta ao ataque de 7 de outubro de 2023, perpetrado pelo Hamas, que resultou na morte de cerca de 1.200 pessoas e na tomada de 251 reféns. Desde então, pelo menos 57.338 pessoas foram mortas em Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde administrado pelo Hamas no território. O incidente na cafeteria al-Baqa adiciona uma nova e trágica camada ao custo humano do conflito, levantando questões persistentes sobre a precisão dos ataques e a proteção de civis em zonas de guerra.
Da redação com informações de BBC [GM-20250706-1845]