Brasil derrota Trump e expõe limites da influência dos EUA, diz NYT

O Brasil desafiou Donald Trump e emergiu vitorioso, revelando os limites da influência norte-americana em assuntos internos de outras nações. Essa é a principal conclusão de um artigo recente do prestigiado The New York Times, que detalha a tentativa fracassada do ex-presidente dos Estados Unidos de interferir no processo legal contra Jair Bolsonaro.
A Ofensiva Frustrada de Trump
Segundo o repórter Jack Nicas, Trump lançou uma ofensiva multifacetada em julho para impedir a prisão de Jair Bolsonaro. A pressão incluiu uma carta agressiva direcionada ao presidente Lula, a imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e sanções contra o ministro Alexandre de Moraes. A intenção era clara: proteger um aliado político e impedir o avanço de um dos casos jurídicos mais importantes do Brasil em décadas, utilizando instrumentos econômicos e diplomáticos extremos.
A Firmeza das Instituições Brasileiras
Apesar da intensa pressão, as instituições brasileiras “basicamente o ignoraram”, afirma o NYT. Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos de prisão e, mais recentemente, detido por violar as condições de monitoramento eletrônico. A reação de Trump à prisão – um lacônico “Que pena” – foi interpretada pelo jornal como uma clara “admissão de derrota”.
A ofensiva, na verdade, teve um efeito contrário ao pretendido. As tarifas impostas pelos EUA aumentaram os preços internos de produtos como carne e café no Brasil, gerando desgaste econômico. No cenário político, a postura firme do presidente Lula, que condenou publicamente a interferência externa e defendeu a independência do Judiciário, fortaleceu seu governo. Analistas sugerem que a pressão norte-americana pode ter provocado uma resposta ainda mais rigorosa do Supremo Tribunal Federal. Eduardo Bolsonaro, que atuou diretamente na defesa do pai junto a autoridades dos EUA, agora enfrenta seus próprios problemas judiciais.
O Recuo e a Admissão de Derrota
O New York Times destaca o notável recuo de Trump após o fracasso de sua estratégia. O ex-presidente, que antes descrevia a investigação contra Bolsonaro como perseguição, mudou o tom, aproximando-se de Lula em encontros diplomáticos e elogiando o presidente brasileiro. Trump chegou a descrever Lula como “um cara muito vigorante”.
Essa mudança se materializou em ações concretas. Na última quinta-feira, Trump assinou uma ordem executiva retirando as tarifas mais significativas aplicadas ao Brasil, incluindo as sobre carne e café, justificando a medida como parte de negociações em curso com o governo Lula. Para o NYT, essa guinada é uma admissão clara da derrota diplomática.
O jornal conclui que “nenhum envolvido perdeu mais” do que Bolsonaro, que não só foi condenado, como também perdeu o apoio de seu principal aliado internacional e viu sua situação política e jurídica se agravar. Trump, por sua vez, demonstrou os limites de sua capacidade de influenciar governos estrangeiros, especialmente aqueles com instituições sólidas e legitimidade interna. A intervenção, considerada uma das mais agressivas de Washington em anos, “foi basicamente em vão”. Em resposta às recentes declarações de Trump, Lula reafirmou: “Trump precisa entender que somos um país soberano”.
Da redação do Movimento PB.
