Internacional

Brasileira é deportada da França mesmo com visto válido e denuncia maus-tratos

Márcia Rodrigues, doutoranda brasileira, foi deportada da França com visto válido, relatando hostilidade policial e falta de explicações.

Márcia Rodrigues, doutoranda de 31 anos, foi deportada da França em 21 de maio de 2025, apesar de possuir um visto válido emitido por Portugal, onde realizava parte de seu doutorado na Universidade de Aveiro. A estudante, que planejava visitar Paris antes de retornar a São Paulo, teve o passaporte retido e enfrentou 12 horas de hostilidade no aeroporto, conforme relatado ao Metrópoles em 11 de junho. Márcia denuncia tratamento abusivo e possível racismo, já que todos na sala de imigração eram negros.

Detalhes do incidente

Ao desembarcar no Aeroporto Paris Beauvais, Márcia foi levada a uma sala de imigração, onde um policial armado a impediu de acessar seu passaporte ou celular. “Ele gritava toda vez que eu tentava me mexer”, contou. Com ajuda de outra brasileira que falava francês, descobriu que os agentes alegaram que seu visto só permitia circulação em países da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), contradizendo informações da AIMA, agência portuguesa que confirmou sua livre circulação no Espaço Schengen, incluindo a França.

Márcia foi pressionada a assinar um documento em francês sem tradução, que, segundo o vice-cônsul brasileiro em Lisboa, pode proibi-la de entrar na Europa por três anos. Ela foi deportada para Lisboa, não Porto, sua origem, aumentando seu desespero. No consulado em Lisboa, confirmaram a validade de seu visto, sugerindo que a ação foi injustificada. O Itamaraty afirmou estar à disposição, mas recomendou consultar autoridades francesas.

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Contexto e denúncias

Márcia, formada em Gestão Ambiental e pesquisadora da USP, estuda sustentabilidade na Amazônia. Sua viagem a Paris combinava turismo e contatos acadêmicos. Antes de viajar, consultou a AIMA, que assegurou a regularidade de seu visto. A advogada Victoriana Gonzaga, especialista em direitos humanos, afirmou ao Metrópoles que a deportação “não tem base legal”, destacando que vistos portugueses de estudante permitem circulação no Schengen. A falta de justificativa formal viola normas internacionais.

Márcia relatou traumas, como ansiedade e gagueira, agravados por uma crise de pânico na Alemanha durante conexão. Em postagem no Instagram, que viralizou, ela mostrou o ocorrido, gerando apoio, mas também críticas nas redes, com alguns questionando sua conduta. No X, usuários como @kabokiko reforçaram denúncias de racismo, enquanto @Metropoles destacou a repercussão.

Perspectivas futuras

O caso expõe falhas na comunicação migratória e possíveis abusos de autoridade. Márcia busca esclarecimentos das autoridades francesas, mas enfrenta barreiras, já que não recebeu cópia do documento assinado. A advogada Gonzaga sugere que o Brasil cobre explicações via canais diplomáticos. O incidente reacende debates sobre racismo e tratamento de brasileiros na Europa, como no caso de André Nascimento, desaparecido entre França e Holanda em 2024. Organizações de direitos humanos podem pressionar por investigações, enquanto Márcia planeja retomar sua pesquisa no Brasil.

Com informações de Metrópoles e G1 São Paulo

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