Capacidade militar da Venezuela frente a possível ataque dos EUA é limitada e desgastada

A Venezuela possui capacidade militar limitada e desgastada para resistir a um eventual ataque dos EUA, apostando em guerra de guerrilhas.
O deslocamento do porta-aviões USS Gerald R. Ford às proximidades da Venezuela marca uma das maiores presenças militares americanas na América Latina desde a invasão do Panamá, em 1989. Esse movimento reacende tensões entre os Estados Unidos e a Venezuela, sobretudo com o governo de Nicolás Maduro, acusado por Washington de envolvimento com o tráfico de drogas, acusação que rejeita. Em resposta, o governo venezuelano revelou uma mobilização maciça de tropas e milícias em uma tentativa de neutralizar o que considera uma ameaça direta.
Estrutura militar atual da Venezuela
Segundo levantamento do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, a Venezuela possui cerca de 123 mil soldados ativos, 220 mil milicianos e 8 mil reservistas. Contudo, especialistas como James Story, ex-embaixador dos EUA para questões da Venezuela, destacam que este contingente está longe de operar em plena capacidade. Muitos militares não realizam treinamentos regulares e enfrentam altos índices de deserção, enquanto parte das milícias chavistas sequer estão armadas.

Apesar disso, o país conta com equipamentos militares avançados, incluindo cerca de 20 aviões Sukhoi adquiridos da Rússia e algumas unidades reduzidas de F-16 da época em que mantinha aliança com os Estados Unidos. Além disso, sistemas antiaéreos portáteis Igla-S, lançadores Pantsir-S1, Buk-M2E, drones armados de fabricação nacional e lanchas rápidas iranianas adicionam certo poder dissuasório, ainda que muitas destas tecnologias possam não estar plenamente operacionais.
Limitações e desafios operacionais
Uma análise cautelosa realizada por especialistas em defesa indica que grande parte dos sistemas antiaéreos venezuelanos, como os Pechora, baseados em tecnologia dos anos 1960, apresentam baixa disponibilidade e poderiam ser neutralizados com relativa facilidade por forças americanas superiormente equipadas. Ainda que haja cerca de 5 mil mísseis Igla-S em posições estratégicas, o número de lançadores é limitado a aproximadamente 700 unidades, o que restringe a efetividade das defesas contra ataques aéreos contemporâneos.
Adicionalmente, a escassez de manutenção, peças de reposição e treinamento contínuo coloca em xeque a capacidade da Força Armada Nacional Bolivariana (FANB) de resistir a um confronto direto com a maior potência bélica mundial. Essa conjuntura reforça a percepção de que a Venezuela, apesar de contar com equipamentos modernos, não detém um aparato pronto para uma guerra convencional prolongada.
Estratégia de resistência e o cenário de guerra irregular
Diante das limitações tecnológicas e de capacidade bélica, o governo de Nicolás Maduro sinaliza uma preparação para um cenário de conflito prolongado baseado em dissidência popular e guerra de guerrilhas. A estratégia envolve a dispersão de armamentos, inclusive para milícias e comunidades, numa tentativa de formar uma resistência armada descentralizada. Esta tática reflete o chamado conceito de “periodização da guerra”, no qual fases sucessivas escalariam o conflito até uma luta popular sustentada contra uma eventual intervenção estrangeira.
Entretanto, analistas e ex-diplomatas apontam que esse cenário enfrenta dificuldades internas. Maduro não possui amplo apoio nem entre os militares nem entre grande parte da população, o que fragiliza a coesão necessária para uma resistência popular efetiva. O histórico de baixa confiança no líder e as denúncias de eleições fraudulentas também minam a legitimidade política do regime para mobilizar uma defesa civil ampla.
Análise final
Em síntese, a capacidade militar da Venezuela para resistir a um ataque direto dos Estados Unidos é considerada limitada e desgastada. Embora disponha de material bélico moderno em parte, a falta de manutenção, treinamento adequado, e capacidade operacional reduz significativamente seu potencial defensivo. O governo de Maduro se prepara para enfrentar uma batalha assimétrica, contando com a mobilização de milícias e armas portáteis no intuito de tornar a ocupação estrangeira custosa e instável.
O conflito potencial poderia se desenrolar em fases, começando pela instabilidade interna e eventualmente evoluindo para um prolongado confronto de guerrilha, cujo sucesso depende da adesão popular e da capacidade logística do regime.
[Da redação do Movimento PB]
MPB-BBC-14112025-DHS78J21-001
