Casa Branca adiciona jornalista por engano em chat privado e expõe plano de guerra
Erro de segurança colocou editor da The Atlantic em grupo de mensagens do alto escalão de Trump, revelando detalhes de ofensiva militar no Iêmen
O jornalista Jeffrey Goldberg, editor-chefe da revista The Atlantic, foi adicionado por engano a um grupo no aplicativo de mensagens Signal, onde altos funcionários do governo Donald Trump discutiam uma ofensiva militar contra os rebeldes Houthis, no Iêmen. O chat continha informações sigilosas sobre alvos, armamentos e a estratégia dos ataques, levantando preocupações sobre a segurança de dados no governo.
Entre os participantes do grupo estavam o vice-presidente J.D. Vance, o secretário de Estado Marco Rubio e o secretário de Defesa Pete Hegseth. O erro gerou um debate sobre o uso indevido de aplicativos não autorizados para comunicação de alto nível.
Confirmação oficial e reações
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Brian Hughes, confirmou a autenticidade das mensagens e afirmou que o incidente está sendo investigado. No entanto, tentou minimizar o impacto, dizendo que “o sucesso contínuo da operação demonstra que não houve ameaças à segurança nacional”.
O presidente Donald Trump, ao ser questionado, negou ter conhecimento do ocorrido e desqualificou a The Atlantic, chamando-a de “revista decadente”. Apesar disso, o vazamento dominou a cobertura da imprensa americana.
Detalhes da conversa vazada
Goldberg foi incluído no grupo chamado “Houthi PC small group”, aparentemente criado para coordenar a resposta militar contra os Houthis. As trocas de mensagens revelaram discordâncias internas sobre a ofensiva. O vice-presidente J.D. Vance se mostrou cético quanto à necessidade do ataque, argumentando que a rota marítima afetada pelos rebeldes era mais relevante para a Europa do que para os EUA.
Já Pete Hegseth defendeu a ação, alertando para os riscos de adiá-la e sugerindo que a comunicação deveria se concentrar em culpar Joe Biden por não conter os Houthis. Ele também destacou a importância de restaurar a liberdade de navegação e reestabelecer a dissuasão militar americana.
O assessor Stephen Miller, identificado no chat como “SM”, teria encerrado a discussão ao afirmar que Trump já havia dado “sinal verde” para a operação, mencionando que os EUA poderiam cobrar economicamente da Europa e do Egito pelo esforço militar.
Críticas e impacto político
O vazamento gerou forte reação no Congresso. O senador democrata Jack Reed classificou o episódio como “uma das falhas mais graves de segurança operacional e bom senso já vistas”, criticando o uso de aplicativos não autorizados para tratar de planos militares.
Além disso, o episódio reforça preocupações sobre a gestão de informações confidenciais no governo Trump, especialmente em um momento de tensão internacional envolvendo os EUA, o Irã e o conflito no Oriente Médio.