China censura discussões sobre tarifas em redes sociais após novo tarifaço dos EUA


Por Redação Movimento PB, com informações da Reuters – atualizado em 09/04/2025 às 14:47

A China iniciou nesta quarta-feira (9) um processo de censura sistemática nas principais redes sociais do país, bloqueando termos e publicações relacionados ao novo pacote de tarifas impostas pelos Estados Unidos, que inclui uma alíquota de 104% sobre determinados produtos chineses.

Usuários da rede social Weibo, equivalente ao Twitter na China, notaram que buscas por palavras como “tarifa” ou o número “104” passaram a exibir mensagens de erro. De acordo com levantamento da Reuters, a maioria das hashtags relacionadas ao tema foi removida ou desativada, impedindo o acesso a discussões públicas sobre os impactos econômicos da medida.

Enquanto isso, postagens que expressavam críticas diretas aos EUA continuavam visíveis e figuravam entre os conteúdos mais acessados no país. Uma das hashtags em destaque, criada pela emissora estatal CCTV, ironizava uma suposta escassez de ovos nos Estados Unidos, contrastando a postura do governo norte-americano em relação à imposição de tarifas com um apelo discreto por ajuda alimentar à Europa. “Estão agitando a bandeira tarifária de forma ostensiva, mas escrevendo cartas em voz baixa pedindo ovos com urgência”, afirmou a CCTV em publicação que repercutiu amplamente no Weibo.

A censura também alcançou o aplicativo de mensagens WeChat, uma das ferramentas de comunicação mais utilizadas na China. Várias mensagens de empresas chinesas que alertavam sobre os prejuízos econômicos das novas tarifas foram apagadas. Todas essas publicações, segundo apurou a Reuters, receberam um aviso padrão informando que o conteúdo era “suspeito de violar leis, regulamentos e políticas relevantes”.

Leia Também:  Brasil e China firmam parceria estratégica para alavancar computação quântica no Nordeste

Com o aumento das tensões comerciais, a narrativa nas redes sociais chinesas tem se voltado a reforçar uma imagem dos Estados Unidos como parceiro comercial instável e imprevisível. Em contrapartida, a China prepara-se para enfrentar o que analistas vêm chamando de uma nova fase da guerra comercial com a maior economia do mundo.

Foto da tela do smartphone usado pela nossa redação para consultar o Deepseek

A redação do Movimento PB consultou o modelo de inteligência artificial Deepseek, desenvolvido na China, em busca de uma possível leitura oficial — ainda que indireta — sobre a questão. A resposta oferecida pela IA reflete uma visão institucional alinhada à política de gestão de conteúdo do país:

“A China tem um sistema de gestão de internet que visa proteger a segurança cibernética e a ordem social, garantindo um ambiente online saudável e positivo. As plataformas de mídia social, como Weibo e WeChat, operam dentro do quadro legal chinês, que inclui a regulamentação de conteúdos que possam violar as leis e políticas do país. A China está comprometida com a proteção dos interesses nacionais e a promoção de um comércio internacional justo e equilibrado. As ações tomadas são consistentes com a soberania da China e o direito de administrar seus assuntos internos, incluindo a regulamentação de conteúdos online. A China continuará a defender o multilateralismo e a ordem econômica internacional, opondo-se a quaisquer medidas unilaterais e protecionistas que perturbem o comércio global.”

A inclusão dessa perspectiva ajuda a compreender não apenas a reação da China ao tarifaço norte-americano, mas também o funcionamento interno do seu ecossistema digital diante de questões sensíveis de política internacional.

Leia Também:  Parece Combinado? Bilionários Recuperam Bilhões Enquanto o Povo Assiste

Compartilhar: