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Cop30: Presidente da conferência destaca avanço da China e desânimo dos países ricos contra a crise climática

Cop30: Presidente da conferência destaca avanço da China e desânimo dos países ricos contra a crise climática
Cop30 destaca avanço da China em energia limpa, desânimo dos países ricos e desafios para limitar aquecimento a 1,5°C.
O presidente da conferência das Nações Unidas sobre mudanças climáticas, Cop30, realizada na cidade de Belém, no coração da floresta Amazônica, afirmou que os países ricos parecem ter perdido o entusiasmo no combate à crise climática, enquanto a China avança firmemente na produção e no uso de tecnologias de energia limpa.

China como referência na transição energética

André Corrêa do Lago, diplomata brasileiro responsável pela organização do evento, destacou que muitos países deveriam seguir o exemplo chinês em vez de se queixarem da competitividade desse país. Segundo ele, “a redução do entusiasmo do global norte mostra que o global sul está avançando”.

Corrêa do Lago ressaltou a importância da China como o maior emissor de gases de efeito estufa do mundo, mas também como o maior produtor e consumidor de energia de baixo carbono. “A China está desenvolvendo soluções que beneficiam a todos, não apenas a ela mesma”, disse, citando o custo cada vez mais competitivo dos painéis solares, o que favorece sua disseminação global.

Desafios da agenda da Cop30

Participam da conferência ministros e autoridades de 194 países, com o objetivo de formular planos para manter o aquecimento global dentro do limite de 1,5°C estabelecido no Acordo de Paris. Entre os temas centrais estão o roteiro para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis e a obtenção de recursos financeiros para os países mais vulneráveis.

Atualmente, as metas nacionais planejadas para redução de emissões indicam um aumento da temperatura global em cerca de 2,5°C, cenário considerado desastroso para o equilíbrio climático.

Pressões dos países vulneráveis e debates acalorados

Países pequenos e vulneráveis, representados pela Aliança dos Pequenos Estados Insulares (Aosis), defendem a criação de um caminho global para cortes mais profundos de emissões. Ilana Seid, embaixadora de Palau na ONU, afirmou que o progresso atual é insuficiente e que o limite de 1,5°C deve ser o foco central das negociações.

Além disso, há intensa preocupação sobre o cumprimento das promessas financeiras feitas aos países em desenvolvimento, para que possam enfrentar os impactos da crise climática. Um roteiro para a transição definitiva para além dos combustíveis fósseis também será discutido durante o evento.

Divergências e compromissos em risco

Apesar dos esforços do Brasil para evitar conflitos, a abertura da conferência pode apresentar discordâncias importantes sobre a definição da agenda.

Além disso, dados recentes da empresa de análise por satélite Kayrros indicam que o compromisso global de redução de 30% nas emissões de metano até 2030, firmado por 159 países na Cop26 em 2021, está sendo prejudicado. As emissões de alguns grandes signatários, como Estados Unidos, Austrália, Kuwait, Turcomenistão, Uzbequistão e Iraque, aumentaram 8,5% em relação a 2020, o que pode elevar ainda mais a temperatura global.

Implementação e resultados no centro das atenções

O anfitrião brasileiro enfatiza a importância da implementação dos compromissos assumidos anteriormente, como a redução de gases de efeito estufa, o triplo aumento em renováveis até 2030 e a duplicação da eficiência energética. No entanto, há expectativa de que a conferência proponha medidas mais ambiciosas para acelerar essas metas, evitando o colapso dos objetivos estabelecidos no Acordo de Paris.

Assim, a Cop30 aparece como um momento decisivo para reafirmar compromissos e fortalecer a cooperação internacional diante das urgentes demandas climáticas, equilibrando desafios políticos e interesses globais em busca de soluções efetivas.


[Da redação do Movimento PB]
MPB-GLB-04122023-BB7392A1-V19