Cortes Orçamentários e Tensões Internas Marcam Saída de Altas Lideranças da NASA
A agência espacial norte-americana, NASA, enfrenta um período de crescente tensão interna e incertezas sobre seu futuro, marcado pela saída de importantes figuras de liderança. A mais recente foi o anúncio da renúncia da diretora do Centro de Voos Espaciais Goddard, Makenzie Lystrup, que deixará o cargo em 1º de agosto, após assumir a função em abril de 2023. Goddard é responsável por missões-chave como o Telescópio Espacial Hubble e a missão OSIRIS-REx.
Onda de Desligamentos em Meio a Cortes e Redução da Força de Trabalho
A saída de Lystrup ocorre menos de dois meses após Laurie Leshin se desligar da direção do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da NASA. Essas partidas de alto perfil acontecem em um cenário em que a NASA e outras agências governamentais lidam com cortes significativos de financiamento e pessoal. Tais cortes são parte de uma iniciativa mais ampla para reduzir o tamanho da força de trabalho federal.
Internamente na NASA e no Congresso, questiona-se como a agência poderá cumprir suas missões com um quadro de funcionários reduzido e por que esses cortes estão avançando antes mesmo de o Congresso autorizar o orçamento da agência. Mais de 2.000 funcionários de alto escalão estão prestes a deixar a NASA em um esforço de redução da força de trabalho, o que inclui gerentes seniores e indivíduos com habilidades especializadas. Essa situação levanta preocupações sobre uma “fuga de cérebros” na agência espacial, com trabalhadores tendo até o final da semana para aceitar ofertas de demissão diferida, incentivos de desligamento ou aposentadoria antecipada.
O Orçamento Proposto e a “Declaração Voyager”
O orçamento proposto para 2026 prevê um corte de aproximadamente 25%, ou mais de US$ 6 bilhões, no orçamento da NASA. As divisões mais afetadas seriam as de ciência espacial, ciência da Terra e suporte a missões. Caso seja aprovado pelo Congresso, esse orçamento também desativaria gradualmente o foguete Space Launch System (SLS) e a nave espacial Orion, tecnologias que estavam sendo desenvolvidas para levar astronautas de volta à Lua.
Em resposta à proposta orçamentária, mais de 280 funcionários e ex-funcionários da NASA assinaram uma carta aberta, conhecida como a “Declaração Voyager”. Endereçada ao administrador interino da agência, Sean Duffy, a carta afirma que as políticas recentes “ameaçam ou já desperdiçaram recursos públicos, comprometeram a segurança humana, enfraqueceram a segurança nacional e minaram a missão central da NASA”. O documento ainda criticou que as mudanças teriam causado “impactos catastróficos” na força de trabalho da agência e “priorizado o impulso político em detrimento da segurança humana, do avanço científico e do uso eficiente dos recursos públicos”.
Causas das Saídas e o Futuro da Liderança
Não está claro se as saídas de Lystrup e Leshin estão diretamente relacionadas à turbulência atual na NASA e em outras agências governamentais. Embora o comunicado da NASA sobre a renúncia de Leshin tenha mencionado “razões pessoais”, a agência não forneceu um motivo para a saída de Lystrup. Em um e-mail interno, Lystrup expressou “confiança” na equipe de liderança de Goddard e em todos que “moldarão o próximo capítulo” do centro, sentindo-se “honrada” por ter feito parte dessa jornada.
A NASA anunciou que Cynthia Simmons, diretora adjunta de Goddard, assumirá o cargo de diretora interina do centro em agosto. O cenário de cortes e a saída de líderes experientes colocam em xeque a capacidade da agência de manter seu ritmo de inovação e exploração espacial, levantando um debate crucial sobre as prioridades e o financiamento da ciência em um contexto de redução da máquina pública.
Da redação com informações de NBC News
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