‘Drástica’, ‘exaltada’ e de cunho ‘pessoal’: nova tarifa de Trump ao Brasil repercute mal na imprensa internacional
Decisão do presidente dos EUA é vista como gesto político com consequências econômicas perigosas
A nova tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, anunciada por Donald Trump, gerou forte repercussão negativa na imprensa internacional. A medida, que entra em vigor em 1º de agosto, representa um salto significativo em relação aos 10% impostos anteriormente, e está sendo interpretada mais como um gesto político do que uma ação comercial justificada.
Trump mira julgamento de Bolsonaro e coloca economia na linha de fogo
A tarifa foi apresentada como uma resposta ao processo criminal contra Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), onde o ex-presidente é acusado de liderar uma tentativa de golpe de Estado. Em carta oficial, Trump alegou “perseguição política” e atacou diretamente o governo Lula, intensificando a tensão diplomática entre os dois países.
Washington Post: mais ideologia que economia
O The Washington Post destacou que a decisão evidencia como questões pessoais e alianças políticas influenciam o uso de tarifas por Trump, contrariando seus próprios discursos sobre equilíbrio comercial. O jornal apontou que a justificativa inicial — um “estado de emergência econômica” — cai por terra diante da associação explícita com o julgamento de Bolsonaro.
New York Times fala em guerra comercial repentina
O The New York Times descreveu o aumento tarifário como o início de uma guerra comercial inesperada entre EUA e Brasil, alertando para suas “consequências econômicas e políticas significativas”. O jornal também ressaltou que Trump estaria usando tarifas como ferramenta de pressão política internacional, uma atitude “de alto potencial destrutivo”.
Ambos os jornais destacaram ainda que a alegação de Trump sobre um suposto desequilíbrio comercial desfavorável aos EUA é falsa, segundo dados oficiais.
The Guardian vê carta como ‘exaltada’ e fora do tom
O britânico The Guardian chamou a carta de Trump ao presidente Lula de “exaltada” e destacou que o conteúdo foi atípico em relação a outras correspondências tarifárias da Casa Branca. O jornal traçou um paralelo entre os atos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, e a invasão do Capitólio, nos EUA, em 2021, sugerindo que a defesa de Bolsonaro por parte de Trump é também uma defesa de sua própria narrativa sobre 2020.
El Clarín: decisão pode radicalizar a relação continental
O jornal argentino El Clarín classificou a medida como “drástica” e alertou que ela acirra os ânimos entre os dois maiores países da América Latina, governados por líderes de espectros ideológicos opostos. Para o Clarín, o novo pacote tarifário rompe com a média aplicada a outros países da região e representa um movimento geopolítico agressivo com motivações eleitorais internas nos EUA.
Apesar da polarização no Brasil, especialistas avaliam que o gesto de Trump pode ter efeito contrário ao desejado, fortalecendo Lula junto a setores nacionalistas e moderados, que podem ver na medida uma afronta à soberania do país.
Da redação com informações da BBC News, The Washington Post, The New York Times, The Guardian e El Clarín [PTG-OAI-10072025-0856-4OT]