Em aceno à Apple, Trump anuncia tarifas sobre semicondutores para forçar produção nos EUA

Durante jantar com CEOs de tecnologia, presidente americano afirma que irá taxar importações de chips de empresas que não transferirem suas fábricas para o país, aprofundando sua política comercial protecionista.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na noite de quinta-feira (4) que seu governo imporá tarifas sobre as importações de semicondutores, em mais um movimento para pressionar as empresas de tecnologia a trazerem suas linhas de produção de volta para o solo americano. A declaração foi feita a repórteres antes de um jantar com alguns dos principais CEOs de tecnologia do mundo, incluindo Tim Cook, da Apple.

A medida é mais um pilar na política externa de Trump, que desde o início de seu segundo mandato tem utilizado as tarifas como principal ferramenta para renegociar acordos comerciais e forçar a reindustrialização do país. “Chips e semicondutores — vamos impor tarifas às empresas que não participarem. Vamos impor uma tarifa muito em breve”, disse o presidente, sem especificar uma data ou um percentual exato.

A lógica da ‘tarifa-incentivo’: “Se não construírem aqui, serão taxados”

A política anunciada por Trump funciona como um mecanismo de incentivo e punição. As tarifas não seriam aplicadas a empresas que já estão construindo ou que se comprometam a construir fábricas nos Estados Unidos, mas puniriam aquelas que continuarem a produzir no exterior e exportar para o mercado americano. “Se eles não entrarem, haverá uma tarifa”, resumiu Trump.

Durante sua fala, ele fez um aceno direto ao CEO da Apple, que estava presente no encontro. “Eu diria que Tim Cook estaria em ótima forma”, acrescentou, em referência ao recente anúncio da Apple de que aumentaria seus investimentos domésticos nos EUA para US$ 600 bilhões nos próximos quatro anos. A mensagem é clara: empresas que se alinharem à sua agenda protecionista serão recompensadas.

Gigantes asiáticas se antecipam, enquanto batalhas legais continuam

A estratégia de pressão de Trump já parece ter surtido efeito em algumas das maiores fabricantes do mundo. Gigantes asiáticas como a TSMC (Taiwan), a Samsung e a SK Hynix (ambas da Coreia do Sul) já anunciaram investimentos bilionários em novas fábricas de chips em estados como o Arizona e o Texas, antecipando-se a esse tipo de medida.

O anúncio, no entanto, ocorre em um momento delicado para o governo. A própria legalidade do uso de tarifas por decreto presidencial está sendo contestada. Recentemente, um tribunal de apelações declarou a maioria de suas sobretaxas ilegais, e o governo agora recorre à Suprema Corte para tentar preservar sua principal ferramenta de política econômica. A decisão de anunciar novas tarifas, enquanto as antigas estão sob escrutínio na mais alta corte do país, mostra a determinação de Trump em dobrar a aposta em sua agenda.

A medida, se implementada, deve aprofundar a incerteza nas cadeias de suprimentos globais de tecnologia e injetar mais volatilidade nos mercados financeiros, reforçando a marca de uma política externa que prioriza a força econômica unilateral em detrimento de acordos multilaterais.

Da redação com informações da CNN Brasil

Redação do Movimento PB [NMG-OGO-05092025-013820-A3B9C2-15P]