Estratégia de Trump Alerta Europa para ‘Apagamento Civilizacional’ e Aprofunda Alinhamento com a Direita Radical

Em um movimento que promete reverberar nos círculos políticos globais, a administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, divulgou sua Estratégia de Segurança Nacional, contendo um alerta incisivo sobre o futuro da Europa. O documento, de 33 páginas, atribui à União Europeia e às políticas migratórias a responsabilidade por um iminente e total desmantelamento cultural no continente, descrevendo-o como um risco de ‘apagamento civilizacional’ em menos de duas décadas.
Apesar de reconhecer os desafios econômicos europeus, a estratégia enfatiza que estes são ‘eclipsados pela perspectiva real e mais nítida de apagamento civilizacional’ nos próximos 20 anos. As preocupações listadas incluem a atuação da União Europeia e outros organismos transnacionais que, segundo o texto, minam a liberdade política e a soberania, políticas migratórias que transformam o continente e geram conflitos, censura à liberdade de expressão, supressão da oposição política, queda nas taxas de natalidade e a perda de identidades e autoconfiança nacionais.
Alinhamento Ideológico e Apoio a Partidos Nacionalistas
A narrativa contida no documento tende a encontrar forte ressonância entre a maioria dos partidos de extrema-direita na Europa, cujas plataformas eleitorais frequentemente criticam a UE, exigem restrições à imigração de países de maioria muçulmana e não-europeus, e promovem um nacionalismo que busca reverter o que percebem como declínio de seus países. A nova estratégia de segurança estabelece um claro alinhamento ideológico entre o movimento populista MAGA de Trump e os partidos nacionalistas europeus.
A administração estadunidense, que tem estreitado laços com partidos de extrema-direita em nações como Alemanha e Espanha, sugere no documento que pode oferecer apoio a esses aliados ideológicos na Europa. ‘A América encoraja seus aliados políticos na Europa a promover este renascimento de espírito, e a crescente influência dos partidos patrióticos europeus de fato gera grande otimismo’, afirma a estratégia.
Este documento representa uma das raras explicações formais da visão de política externa de Trump por sua administração, servindo como um roteiro para a alocação de orçamentos e definição de prioridades políticas em diversas esferas do governo dos EUA. Em uma nota introdutória, Trump descreveu-o como um ‘roteiro para garantir que a América permaneça a maior e mais bem-sucedida nação da história humana, e o lar da liberdade na terra’.
Críticas e a Teoria da ‘Grande Substituição’
Embora a administração Trump conceda que ‘a Europa permanece estratégica e culturalmente vital para os Estados Unidos’, suas visões sobre o continente estão em consonância com declarações públicas negativas anteriores. O vice-presidente JD Vance, por exemplo, causou choque na classe política tradicional na Conferência de Segurança de Munique em fevereiro, ao atacar a Europa sobre migração e liberdade de expressão.
O documento também ecoa a controversa teoria conspiratória da ‘grande substituição’, que postula que elites estariam planejando diminuir o poder de voto de europeus brancos ao abrir as portas de seus países para a imigração, especialmente de países muçulmanos e do continente africano. ‘A longo prazo, é mais do que plausível que, no máximo em algumas décadas, certos membros da OTAN se tornem majoritariamente não-europeus’, declara o documento.
A chefe de porta-vozes da Comissão Europeia, Paula Pinho, informou aos repórteres que estava ciente da ‘publicação deste relatório’, mas ainda não havia tido ‘tempo para analisá-lo’, acrescentando que o executivo da UE ‘definitivamente’ tornaria sua posição conhecida em breve.
Ucrânia e OTAN: Novas Perspectivas
Em uma breve digressão da discussão sobre o ‘apagamento civilizacional’ da Europa, a guerra na Ucrânia é mencionada. Os EUA enfatizam que é do interesse americano que o conflito do Kremlin cesse, inclusive para restaurar a ‘estabilidade estratégica’ com a Rússia. Contudo, a administração estadunidense critica ‘governos minoritários instáveis’ na Europa por terem ‘expectativas irrealistas para a guerra’, insinuando que estariam dificultando o processo de paz. Esses comentários surgem em um momento em que líderes europeus alertam privadamente que Washington poderia ‘trair’ a Ucrânia durante negociações de paz com Moscou.
Em contradição com a política de portas abertas da OTAN para países candidatos, a administração dos EUA também manifesta o desejo de priorizar ‘o fim da percepção, e a prevenção da realidade, de que a OTAN é uma aliança em perpétua expansão’. Embora não seja segredo que Trump não deseja a adesão da Ucrânia à OTAN, essa também foi a posição de Washington sob seu antecessor, Joe Biden.
Da redação do Movimento PB.
