O Departamento de Estado dos Estados Unidos reemitiu um alerta máximo contra viagens à Venezuela, citando risco extremo de detenções injustas, tortura, terrorismo e insegurança. A orientação inclui a retirada imediata de cidadãos americanos que ainda residem no país. O aviso ocorre após uma operação secreta que resgatou opositores de Nicolás Maduro abrigados na embaixada da Argentina em Caracas.
EUA orientam cidadãos a deixarem a Venezuela: “Perigo extremo”
O Departamento de Estado dos Estados Unidos reemitiu nesta segunda-feira (12) um alerta de nível máximo desaconselhando qualquer viagem à Venezuela. No comunicado, as autoridades americanas classificam a situação no país sul-americano como de “perigo extremo”, com riscos elevados de detenções arbitrárias, tortura, terrorismo, sequestros e colapso na infraestrutura de saúde.
“Não viaje nem permaneça na Venezuela devido ao alto risco de detenção injusta, tortura em detenção, terrorismo, sequestro, aplicação arbitrária das leis locais, criminalidade, agitação civil e infraestrutura de saúde precária”, diz o comunicado. O governo dos EUA orienta que todos os seus cidadãos e residentes permanentes legais deixem a Venezuela imediatamente.
Desde março de 2019, os EUA retiraram todo o seu corpo diplomático de Caracas, o que compromete qualquer tipo de assistência consular no território venezuelano. De acordo com o documento, cidadãos americanos detidos no país não conseguem entrar em contato com familiares ou advogados, ficando em completo isolamento. Relatos de ex-detentos e entidades de direitos humanos apontam para casos de espancamentos, posições forçadas e simulações de afogamento.
O comunicado alerta ainda que “não existe uma maneira segura de viajar para a Venezuela” e sugere, em caso de insistência na viagem, a preparação de um testamento e a designação de beneficiários de seguros.
Operação secreta resgata opositores de Maduro
A reemissão do alerta ocorre poucos dias após a divulgação de uma operação secreta que resultou no resgate de cinco opositores do regime de Nicolás Maduro, que estavam abrigados na embaixada da Argentina em Caracas. O grupo fazia parte da equipe da líder opositora María Corina Machado, impedida de concorrer à Presidência em 2024.
Os opositores – Magalli Meda, Pedro Urruchurtu, Claudia Macero, Humberto Villalobos e Omar González – estavam asilados há 412 dias, após a emissão de mandados de prisão em março de 2024 pelo procurador-geral Tarek William Saab. Segundo o senador e ex-secretário de Estado Marco Rubio, a ação contou com apoio direto dos Estados Unidos. “Todos os reféns estão agora em segurança em solo americano”, afirmou em sua conta na rede X.
O local onde estavam abrigados, a embaixada argentina, está sob custódia do Brasil, que confirmou a remoção do grupo por meio do Itamaraty.
O presidente da Argentina, Javier Milei, classificou a retirada como uma “operação de extração”, sugerindo que ocorreu sem autorização formal do governo de Maduro. A ação reacende a tensão entre Caracas e a comunidade internacional, especialmente após o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela ter validado a candidatura de Maduro, decisão rejeitada por EUA, União Europeia, OEA e vários países da América Latina.