Internacional

EUA Restringem Acesso a Dados Meteorológicos e Acendem Alerta Sobre Soberania e Ciência Climática

Em uma decisão com amplas repercussões para a ciência global, o governo dos Estados Unidos restringiu o acesso público a dados meteorológicos cruciais coletados por satélites militares. A justificativa oficial, baseada em “riscos de cibersegurança”, interrompe abruptamente o compartilhamento de informações vitais sobre a formação de tempestades, furacões, o estado do gelo marinho e as mudanças climáticas, gerando apreensão na comunidade científica internacional.

Até então, esses dados brutos, processados pelo Centro de Meteorologia Numérica e Oceanografia da Frota da Marinha dos EUA, eram disponibilizados para instituições de pesquisa e para uso civil em todo o mundo. Eles alimentavam diariamente os modelos de previsão do tempo globais, permitindo análises mais precisas e a prevenção de desastres. A interrupção unilateral representa um golpe na cooperação científica e levanta questões sobre as reais motivações por trás da medida.

O Argumento da Segurança e o Ceticismo da Ciência

A alegação de “riscos de cibersegurança” é vista com ceticismo por parte da comunidade científica. Embora a proteção de infraestruturas críticas seja uma preocupação legítima, o bloqueio de dados que são fundamentais para a pesquisa climática e a segurança civil é considerado por muitos como uma medida desproporcional. Críticos apontam que a decisão pode ter motivações políticas, inserida em um contexto de crescente protecionismo e de uma agenda que, em diversos momentos, se mostrou hostil à ciência climática.

Este movimento não é um fato isolado. Recentemente, o governo americano também determinou o fechamento de uma estação de medição fundamental no Havaí, essencial para documentar o aumento do dióxido de carbono (CO₂) na atmosfera. Na ocasião, a justificativa não foi a segurança, o que reforçou as suspeitas de que há um interesse político em dificultar o monitoramento das mudanças climáticas. A ciência, que depende da transparência e do livre fluxo de informações, torna-se uma vítima colateral de disputas geopolíticas.

O Impacto para o Brasil e a Luta por Soberania de Dados

Para o Brasil, um país com vasta extensão territorial e extremamente vulnerável a eventos climáticos extremos, a decisão americana é particularmente preocupante. Nossos institutos de meteorologia, como o INPE e o INMET, dependem desses dados globais para aprimorar seus próprios modelos de previsão. A restrição pode comprometer a capacidade do país de prever com precisão desde secas no Nordeste até enchentes no Sul, afetando a agricultura, a defesa civil e a segurança da população.

O episódio joga luz sobre a importância da soberania de dados e da necessidade de o Brasil investir em sua própria infraestrutura de coleta e processamento de informações geoespaciais e climáticas. Depender de dados fornecidos por potências estrangeiras, cujos interesses podem mudar a qualquer momento, cria uma vulnerabilidade estratégica inaceitável. A ciência brasileira precisa de autonomia para monitorar seu próprio território e clima.

A decisão dos EUA é um lembrete de que, no século XXI, a informação é poder. O controle sobre dados climáticos não é apenas uma questão técnica, mas uma ferramenta de influência geopolítica. Ao fechar o acesso a informações que antes eram um bem comum global, Washington não apenas prejudica a pesquisa científica, mas também reforça a urgência de nações como o Brasil investirem em sua própria independência tecnológica e científica. O clima do planeta não deveria ter fronteiras, e a ciência que o estuda, tampouco.

Traduzido e adaptado de Deutsche Welle (DW)

Redação do Movimento PB [GME-GOO-30072025-1015-15P]

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