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Fúria da Geração Z no Nepal: Entenda a Crise que Deixou 25 Mortos e Derrubou o Governo

Corrupção, desemprego juvenil e a ostentação dos ‘Nepo Kids’ nas redes sociais foram o estopim para uma onda de protestos violentos que levou à renúncia do primeiro-ministro.

Uma onda de protestos violentos liderados por jovens no Nepal mergulhou o país asiático em uma profunda crise institucional, resultando na renúncia do primeiro-ministro, K.P. Sharma Oli. Os atos, alimentados pela indignação contra a corrupção e a desigualdade, levaram o caos às ruas da capital, Katmandu, com a destruição de prédios públicos, incluindo o Parlamento e a Suprema Corte. O Ministério da Saúde do país informou nesta quarta-feira (10) que o número de mortos nos protestos subiu para 25, com outras 633 pessoas feridas.

O Estopim Digital: ‘Nepo Kids’ e o Bloqueio das Redes

A insatisfação popular no Nepal tem raízes profundas em uma política turbulenta e uma economia frágil. Com o desemprego juvenil atingindo 20,8% em 2024 e mais de um terço do PIB dependendo de dinheiro enviado do exterior, a frustração encontrou um catalisador nas redes sociais. Um movimento online ganhou força contra os chamados “Nepo Kids”, denunciando, por meio de vídeos virais, os filhos de políticos que ostentavam estilos de vida luxuosos. A hashtag #NepoKids se tornou um símbolo da revolta contra o nepotismo e a corrupção.

A reação do governo foi tentar silenciar o movimento. As autoridades bloquearam 26 plataformas de mídia social, incluindo Facebook, Instagram, WhatsApp e X (antigo Twitter), sob a justificativa de combater notícias falsas. A medida, no entanto, teve o efeito contrário, intensificando a fúria dos manifestantes e sendo amplamente criticada por grupos de direitos humanos. Após a escalada da violência, o governo recuou e suspendeu a proibição.

Da Revolta à Violência Extrema

Nesta semana, os protestos se tornaram violentos, com confrontos diretos entre manifestantes e a polícia no complexo do Parlamento em Katmandu. A violência atingiu um ponto crítico com o incêndio de prédios públicos, incluindo a casa do ex-primeiro-ministro Jhalanath Khanal. Sua esposa morreu em decorrência das queimaduras sofridas no ataque. A escalada levou o secretário-geral da ONU, António Guterres, a pedir uma “investigação completa” e “contenção para evitar uma nova escalada”.

Um Futuro Incerto após a Queda do Governo

Pressionado pela violência nas ruas, o primeiro-ministro nepalês, KP Sharma Oli, anunciou sua renúncia na terça-feira (9), citando a “situação extraordinária” do país. Outros ministros, como o do Interior, também já haviam renunciado. Sem um partido com maioria clara no Parlamento, a tendência é a formação de um novo governo interino. A grande questão é o papel que os grupos da Geração Z, que lideraram a revolta, terão nas discussões sobre o futuro do país.

A crise no Nepal é um duro exemplo de como frustrações antigas com a economia e a corrupção podem explodir quando amplificadas pelas ferramentas digitais de uma juventude conectada. O fenômeno dos “Nepo Kids” e a tentativa frustrada de censura funcionaram como um acelerador, transformando o descontentamento em uma insurreição. Agora, enquanto a nação busca formar um novo governo, o desafio é canalizar a energia das ruas para uma reforma significativa, que inclui a revisão da Constituição de 2015, uma das demandas dos manifestantes.

Da redação com informações da CNN Brasil

Redação do Movimento PB [NMG-OOG-10092025-T3U4V5-15P]


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