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“Guerra mundial é inevitável”, diz presidente sérvio; em um conflito global, de que lado ficaria o Brasil?

“Guerra mundial é inevitável”, diz presidente sérvio; em um conflito global, de que lado ficaria o Brasil?

Análise do canal ‘Hoje no Mundo Militar’ explora a escalada da corrida armamentista na Europa e a complexa posição do governo Lula, dividido entre a aliança estratégica com os BRICS e a pressão histórica e geográfica dos Estados Unidos.

Uma declaração sombria do presidente da Sérvia, Alexander Vučić, acendeu o alerta máximo na comunidade internacional. Com acesso privilegiado a informações tanto da Rússia quanto da Europa, Vučić afirmou no início de outubro que o mundo caminha para uma guerra global “inevitável” e que a única questão que resta é “quem ficará ao lado de quem”. A fala, vinda de um líder conhecido por sua moderação, ecoa em um continente que vive sua mais intensa corrida armamentista desde a Guerra Fria. Diante deste cenário alarmante, duas perguntas se impõem: uma nova guerra mundial é de fato inevitável? E, num conflito dessa magnitude, qual seria o lugar do Brasil?

A análise, feita pelo canal especializado “Hoje no Mundo Militar”, aponta que a Europa já se prepara para o pior. Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022, o continente mergulhou em um frenesi de rearmamento. A Polônia, vizinha da Rússia, está elevando seus gastos militares para 5% do PIB, com compras bilionárias de tanques e caças F-35. A Alemanha, antes relutante, reativou sua gigante indústria de defesa para modernizar suas forças. Os países Bálticos e a Finlândia fortificam suas fronteiras com bunkers e campos minados em resposta às constantes provocações russas. O continente europeu, em suma, está se transformando em um barril de pólvora.


Presidente da Sérvia, Alexander Vučić,

Contudo, a análise sugere um paradoxo. Toda essa preparação militar pode ser, na verdade, o que evitará a guerra. O conceito de dissuasão, aprendido durante a Guerra Fria, ensina que forças equilibradas e prontas para o combate desincentivam a agressão. A percepção é que Putin atacou a Ucrânia por sentir um Ocidente fraco e dividido. Agora, ao se deparar com uma OTAN unida e fortemente armada, o líder russo pode pensar duas vezes antes de qualquer novo avanço expansionista. A Europa não quer a guerra, e está se armando justamente para evitá-la. O perigo, no entanto, reside na possibilidade de um erro de cálculo ou de um incidente isolado que inflame toda a região.

Podemos simplificar alguns termos…

A OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) é uma aliança militar defensiva liderada pelos Estados Unidos, que inclui a maioria dos países da Europa Ocidental. Um ataque a um de seus membros é considerado um ataque a todos. Dissuasão é a estratégia de demonstrar tanta força militar que o inimigo desiste de atacar por medo da retaliação imediata e devastadora. Já a Doutrina Monroe foi uma política externa dos EUA do século XIX que, na prática, estabeleceu as Américas como sua “zona de influência” ou “quintal estratégico”.

O complexo dilema do Brasil: BRICS ou Ocidente?

Virando o foco para o Brasil, a análise do “Hoje no Mundo Militar” traça um paralelo com a Segunda Guerra Mundial. Na época, o governo de Getúlio Vargas flertou com a Alemanha nazista, mas a pressão econômica e militar dos Estados Unidos, somada a ataques alemães a navios brasileiros, forçou o país a se aliar aos Aliados. Hoje, a situação sob o presidente Lula é análoga, mas mais complexa. O Brasil adota uma política de “não alinhamento”, tentando se posicionar como um mediador neutro.

Ao mesmo tempo, a aproximação com Rússia e China, parceiros no BRICS, é inegável. A China é o maior parceiro comercial do Brasil, e o governo Lula chegou a ser apontado como um “financiador indireto” da guerra na Ucrânia pela compra massiva de diesel russo. Em um conflito aberto entre a OTAN e o bloco Rússia-China, a tendência inicial do Brasil seria a neutralidade. No entanto, a geografia e a economia pesam mais que a ideologia. O Brasil está no “quintal estratégico” dos EUA e depende de investimentos americanos em tecnologia, energia e defesa.

A conclusão da análise é pragmática. Em caso de um conflito global em larga escala, pressões similares às da Segunda Guerra certamente viriam, na forma de sanções ou bloqueios comerciais. Embora o Brasil de hoje seja mais autônomo, a dependência tecnológica e a proximidade com a maior potência militar do mundo provavelmente forçariam o país, mesmo que a contragosto, a se inclinar para o lado do Ocidente. No tabuleiro da geopolítica, a análise sugere que a geografia e a economia falam mais alto do que o posicionamento ideológico do governo de turno.

Análise de ‘Hoje no Mundo Militar’, com redação do Movimento PB

Redação do Movimento PB [NMG-OGO-08102025-G8H1I9-13P]