Israel alerta Brasil e outros países sobre prisioneiros soltos em trocas de reféns com o Hamas

Autoridades brasileiras receberam lista de nomes para monitoramento; documento inclui condenados à prisão perpétua por crimes diversos em Israel.

Israel emitiu um alerta para o Brasil e outros países contendo nomes e perfis de prisioneiros que foram libertados pelo governo israelense como parte das negociações para a libertação de reféns pelo grupo Hamas.

O alerta, escrito em inglês, foi compartilhado entre agências de inteligência na última semana, permitindo que as autoridades locais monitorem eventuais tentativas de entrada dessas pessoas em seus territórios. Muitos dos indivíduos listados cumpriam pena em Israel por crimes diversos, incluindo homicídio e terrorismo.

A Polícia Federal (PF) está entre os órgãos brasileiros que receberam a lista. O documento contém informações como idade, data de nascimento, nacionalidade (a maioria palestina), tipo de condenação — em alguns casos, prisão perpétua — e crimes pelos quais foram responsabilizados.

Entre os nomes citados, está Maome Mtsalah, de 48 anos, preso desde abril de 2002 e condenado à prisão perpétua por acusações como “treinamento militar, posse de armas de fogo e tentativa de homicídio”, conforme traduzido do documento israelense.

O g1 entrou em contato com a Embaixada de Israel na última terça-feira (11) para obter um posicionamento sobre o monitoramento dos prisioneiros após a libertação, mas não obteve resposta até a publicação desta matéria.

Acordo de troca de prisioneiros

Nesta sexta-feira (14), o Hamas anunciou que irá libertar três reféns israelenses no sábado (15), como parte do acordo de cessar-fogo estabelecido com Israel. Em contrapartida, o governo israelense deverá soltar 369 prisioneiros palestinos, segundo informações do escritório de mídia do Hamas.

Regras para entrada no Brasil

Desde 2019, uma portaria do Ministério da Justiça permite que autoridades brasileiras impeçam, já no aeroporto, a entrada de pessoas classificadas como perigosas. Segundo essa norma, são consideradas pessoas perigosas aquelas com ligação a:

  • Terrorismo
  • Grupos criminosos organizados ou associações criminosas armadas
  • Tráfico de drogas, pessoas ou armas de fogo
  • Pornografia ou exploração sexual infantojuvenil

Os órgãos migratórios avaliam a entrada de estrangeiros com base em informações de diversas fontes, incluindo:

  • Alertas de inteligência de autoridades brasileiras ou estrangeiras
  • Informações obtidas por meio de cooperação internacional
  • Investigações criminais em andamento
  • Sentenças penais condenatórias

Brasil como rota de passagem

Um profissional com acesso a informações de segurança explicou que algumas pessoas ligadas a grupos extremistas utilizam o Brasil como ponto de passagem antes de seguirem para seus destinos finais, como os Estados Unidos.

De acordo com essa fonte, essas pessoas geralmente não planejam cometer crimes no Brasil, mas buscam regularizar sua permanência no país para que, caso tenham problemas no exterior, possam ser deportadas para o Brasil em vez de seus países de origem.

Diante desse cenário, agências de inteligência internacionais mantêm constante troca de informações para dificultar essas movimentações.

Texto adaptado do g1 e revisado pela nossa redação.

Compartilhar: