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Juiz Ordena Reinstauração de Milhares de Funcionários Federais em Período Probatório Demitidos por Trump

Juiz Ordena Reinstauração de Milhares de Funcionários Federais em Período Probatório Demitidos por Trump

Decisão judicial em San Francisco interrompe demissões em massa e provoca protestos de trabalhadores federais.

Um juiz federal em San Francisco, William Alsup, ordenou nesta quinta-feira (13) que o governo de Donald Trump reintegre imediatamente milhares de funcionários federais em período probatório demitidos no último mês, classificando as demissões como “ilegais” e uma “farsa”. A decisão, que afeta pelo menos seis agências — Departamentos de Assuntos de Veteranos, Defesa, Energia, Interior, Agricultura e Tesouro —, é um revés significativo na tentativa da administração Trump de reduzir drasticamente a força de trabalho federal, uma prioridade liderada pelo presidente e por Elon Musk, chefe do chamado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE).

Contexto das Demissões em Massa

Desde fevereiro, a administração Trump, empossada em janeiro de 2025, implementou uma onda de demissões visando cerca de 200.000 funcionários probatórios — trabalhadores com menos de um ou dois anos de serviço ou recém-promovidos, que possuem menos proteções trabalhistas. O Office of Personnel Management (OPM) emitiu um memorando em 20 de janeiro e realizou uma teleconferência em 13 de fevereiro, instruindo agências a demitir esses empregados, alegando “desempenho insatisfatório”. A ação foi parte de um plano mais amplo de enxugamento do governo, que já viu 77.000 trabalhadores aceitarem demissões voluntárias incentivadas.

No entanto, a ordem do OPM foi contestada em um processo movido pela American Federation of Government Employees (AFGE), outros sindicatos e organizações cívicas. Eles argumentaram que o OPM não tinha autoridade legal para ordenar demissões em massa e que a justificativa de “desempenho” era um subterfúgio para evitar os procedimentos da Lei de Redução de Força (Reduction in Force Act), que exige notificação prévia e processos formais.

A Decisão do Juiz Alsup

Em uma audiência tensa, Alsup rejeitou os argumentos do Departamento de Justiça de que o OPM apenas “orientou” as agências, apontando evidências — como e-mails e declarações de funcionários de Recursos Humanos de várias agências — de que as demissões foram diretamente ordenadas. “É um dia triste quando nosso governo demite um bom funcionário e diz que foi por desempenho, sabendo muito bem que é uma mentira”, declarou o juiz, um indicado do ex-presidente Bill Clinton. Ele ordenou que as seis agências reintegrem os trabalhadores demitidos em 13 e 14 de fevereiro e apresentem uma lista detalhada de compliance em sete dias.

Alsup também proibiu o OPM de emitir novas diretrizes sobre demissões probatórias, estendendo uma ordem de restrição temporária de 27 de fevereiro. Ele deixou em aberto a possibilidade de expandir a decisão para outras 16 agências citadas no processo, dependendo de evidências adicionais. “Não é um juiz louco em San Francisco dizendo que o governo não pode reduzir sua força de trabalho. Pode, mas deve seguir a lei”, enfatizou.

Reação e Protestos

A decisão foi celebrada por sindicatos e trabalhadores. Everett Kelley, presidente da AFGE, que representa 800.000 empregados federais, chamou-a de “vitória crucial contra uma administração determinada a enfraquecer as agências federais”. Protestos eclodiram em Washington, D.C., e outras cidades desde fevereiro, com cartazes como “Funcionários Federais Não Trabalham para Reis” durante o “No Kings Day” em 17 de fevereiro. Em 4 de março, manifestantes se reuniram em frente ao OPM, e em 14 de fevereiro, houve atos em apoio aos demitidos fora do Departamento de Saúde.

Resposta do Governo e Próximos Passos

A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, classificou a ordem como “absurda e inconstitucional”, prometendo um recurso imediato. O Departamento de Justiça já sinalizou apelação, enquanto agências enfrentam um prazo até 20 de março para submeter planos de cortes adicionais — sugerindo que a batalha legal está longe do fim.

Estima-se que 24.000 a 30.000 trabalhadores sejam afetados diretamente pela ordem nas seis agências, mas o número pode crescer. A reintegração não garante estabilidade: muitos temem novas demissões sob um processo formal de redução de força. Para Michelle Kirchner, entomologista da USDA demitida e agora reintegrada, “é um alívio, mas a incerteza permanece”.

Impacto Político

A decisão expõe fissuras na agenda de Trump e Musk, que prometeram cortar bilhões do orçamento federal. Enquanto alguns funcionários foram reintegrados voluntariamente por agências como a NSF após a ordem inicial de Alsup, a resistência judicial e pública sugere que o plano de “desburocratização” enfrentará obstáculos significativos. Com a administração insistindo em sua autoridade executiva, o caso pode escalar ao Supremo Tribunal, definindo o futuro do funcionalismo público nos EUA.


Texto baseado em relatos da AP News, NPR, CNN e revisado pela nossa redação.


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