Lula ‘na corda bamba’ com Venezuela: agradar Trump ou liderar na América do Sul?

EUA x Venezuela: Um dilema para o Brasil
A postura dos Estados Unidos em relação à Venezuela, marcada pelo apoio à oposição, sanções rigorosas e até ameaças de intervenção militar, representa um verdadeiro nó na política externa brasileira. Essa situação impacta diretamente a capacidade de liderança do Brasil na região e desafia a gestão política interna.
Liderança Regional em Xeque
Tradicionalmente, o Brasil busca protagonismo na América do Sul, promovendo soluções pacíficas, integração regional e diplomacia. No entanto, a insistência dos EUA em exercer pressão unilateral e a possibilidade de intervenção são vistas como interferências de uma potência externa. Essa postura dificulta a construção de um consenso regional unificado e desafia a doutrina brasileira de uma América do Sul próspera e pacífica.
Crise Humanitária e Segurança Regional
As sanções americanas e a crise venezuelana desencadearam um êxodo em massa de migrantes para países vizinhos, incluindo o Brasil. Esse fluxo gera pressão social e econômica, especialmente nos estados da fronteira, demandando recursos e gestão por parte das lideranças locais. Além disso, a escalada da violência representa uma ameaça à segurança, principalmente no norte do país, forçando as autoridades a se prepararem para uma possível catástrofe humanitária.
Divisão Política Interna
O cenário político brasileiro é marcado por divergências sobre a Venezuela e a política americana. Líderes de esquerda, como o presidente Lula, criticam a postura militar dos EUA e buscam mediar a crise, alinhando-se a uma visão não intervencionista. Por outro lado, líderes de direita, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, apoiaram a posição dos EUA, reconhecendo o líder oposicionista Juan Guaidó e enfraquecendo os laços com o governo Maduro.
Essa divergência transforma a questão venezuelana em um ponto de conflito político interno, dificultando a construção de uma política externa nacional unificada e influenciando o posicionamento político de diferentes líderes em relação aos seus eleitores.
Equilíbrio Diplomático
A situação obriga o Brasil a um delicado jogo de equilíbrio diplomático entre sua relação com os EUA, a vizinha Venezuela e outros atores globais, como China e Rússia. O Brasil precisa administrar seus laços com Washington enquanto tenta manter sua própria política de conciliação e evitar conflitos, o que pode testar seu papel de mediador e sua influência.
Lula se encontra em uma encruzilhada: não pode perder o protagonismo regional, mas também não pode se opor diretamente a Trump, agora que os canais entre ambos parecem azeitados. O governo brasileiro precisa encontrar uma forma de mitigar os impactos da crise venezuelana sem comprometer seus objetivos de política externa e sua estabilidade política interna.
Da redação do Movimento PB.
