Internacional

Papa Leão XIV nomeia primeiro bispo chinês, sinalizando continuidade do acordo com Pequim

Papa Leão XIV nomeia Joseph Yuntuan como bispo auxiliar de Fuzhou, reforçando o acordo Vaticano-China para nomeações episcopais.

O Papa Leão XIV nomeou, em 5 de junho de 2025, seu primeiro bispo chinês, Joseph Yuntuan, como auxiliar da Diocese de Fuzhou, na China, sinalizando a continuidade do controverso acordo entre a Santa Sé e Pequim sobre nomeações episcopais. A decisão, anunciada pela Sala de Imprensa da Santa Sé e reportada pela ABC News em 11 de junho, é vista como um passo para fortalecer o diálogo com as autoridades chinesas, apesar de críticas de setores conservadores.

Detalhes da nomeação

Joseph Yuntuan, um bispo da Igreja subterrânea chinesa, assume o cargo após aprovação do Papa Leão XIV, marcando o primeiro ato do pontífice no contexto do acordo renovado em 2022. A nomeação é descrita como “fruto do diálogo entre a Santa Sé e as autoridades chinesas”, iniciado sob o Papa Francisco. Yuntuan, que já atuava na diocese, reforça a unificação entre a Igreja oficial, reconhecida pelo governo, e a Igreja clandestina, leal ao Vaticano.

Contexto do acordo

O pacto, assinado em 2018 e renovado em 2020 e 2022, permite que o Papa tenha a palavra final na nomeação de bispos, mas exige consulta ao governo chinês. Críticos, como o cardeal Joseph Zen, ex-arcebispo de Hong Kong, acusam o acordo de ceder à pressão de Pequim, limitando a liberdade religiosa. Defensores, como o cardeal Pietro Parolin, argumentam que ele promove a unidade da Igreja na China, onde cerca de 12 milhões de católicos estão divididos.

Perfil de Leão XIV

Leão XIV, o americano Robert Prevost, foi eleito em 8 de maio de 2025, aos 69 anos, tornando-se o primeiro papa dos EUA. Antes, como cardeal, liderou o Dicastério para os Bispos, supervisionando nomeações episcopais globais, incluindo na China. Sua experiência no Peru, onde trabalhou por 20 anos, e seu estilo diplomático, descrito como “reservado e sereno” por Maria Lia Zervino, sugerem uma abordagem pragmática para manter o acordo.

Impacto da decisão

A nomeação de Yuntuan é celebrada por fiéis chineses, como visto em posts no X, mas também reacende debates. Para Pequim, reforça a influência sobre a Igreja local; para o Vaticano, é um passo para proteger católicos da repressão. A China parabenizou Leão XIV, pedindo “engajamento construtivo”, segundo o porta-voz Lin Jian. No entanto, a nomeação ocorre em meio a tensões, como a transferência unilateral do bispo de Xangai em 2023, que o Vaticano reconheceu tardiamente.

Perspectivas futuras

Leão XIV, que já rezou pelos católicos chineses ao se declarar “romano” em 25 de maio, deve manter a política de Francisco, mas com seu próprio estilo. Sua habilidade em ouvir, destacada por Karlijn Demasure, pode facilitar negociações com Pequim. A nomeação de Yuntuan sugere que o papa priorizará a unidade da Igreja, mas enfrentará desafios para equilibrar diplomacia e críticas internas. O próximo teste será a renovação do acordo em 2026, que definirá o futuro das relações Vaticano-China.

Com informações de ABC News, Zenit, Vatican News e posts no X.

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