Reino Unido torna identificação digital obrigatória para trabalhar no país
O primeiro-ministro britânico Keir Starmer anunciou nesta segunda-feira (03/10) que a identificação digital será obrigatória para trabalhar no Reino Unido, como parte de um plano abrangente para combater a migração ilegal. O novo sistema, descrito como “a base do estado moderno”, deve ser implementado até 2029 e promete revolucionar o acesso a serviços públicos.
“Toda nação precisa ter controle sobre suas fronteiras. Precisamos saber quem está em nosso país”, afirmou Starmer durante conferência com líderes mundiais em Londres.
Detalhes do esquema de identificação digital
O novo ID digital funcionará similarmente a aplicativos de pagamento contactless ou ao aplicativo do serviço de saúde britânico (NHS), armazenado diretamente nos smartphones dos cidadãos. O documento conterá nome, data de nascimento, nacionalidade, status de residência e foto. Uma consulta pública de três meses iniciará ainda este ano para definir detalhes de implementação, incluindo a possibilidade de incluir endereço.
O governo enfatizou que não haverá obrigação de portar fisicamente a identificação ou apresentá-la rotineiramente. No entanto, até o final do atual parlamento (previsto para 2029), será mandatório para comprovar o direito ao trabalho no país.
Justificativas e benefícios prometidos
Starmer argumentou que o esquema tornará mais difícil trabalhar ilegalmente no Reino Unido e oferecerá “inúmeros benefícios” aos cidadãos, como acesso simplificado a serviços públicos. Darren Jones, ministro-chefe do primeiro-ministro, descreveu a medida como “a base do estado moderno” que permitirá “reforma emocionante dos serviços públicos”.
Reações e controvérsias
O anúncio gerou imediata oposição de diversos setores:
- Partido Conservador: Alegou que o plano “não fará nada para deter os barcos” no Canal da Mancha
- Liberais Democratas: Prometeram lutar “com unhas e dentes” contra a “burocracia adicional”
- Grupos de direitos civis: Alertaram para riscos de vigilância em massa e coleta de dados
O governo escocês, liderado pelo SNP, manifestou oposição a qualquer documento “obrigatório para ter, portar ou apresentar”, enquanto a primeira-ministra da Irlanda do Norte, Michelle O’Neill, classificou a proposta como “mal elaborada” e “ataque ao Acordo de Sexta-Feira Santa”.
Contexto migratório e político
A medida surge em um contexto de pressão migratória crescente, com mais de 50.000 migrantes chegando em pequenos barcos desde que o Partido Trabalhista assumiu o poder. Starmer admitiu que tem sido “muito fácil” trabalhar ilegalmente no país devido a uma abordagem anterior excessivamente “cautelosa” sobre o tema.
Preocupações técnicas e sociais
Especialistas levantaram questões sobre a segurança dos dados e acessibilidade para populações vulneráveis. Jovens entrevistados pela BBC expressaram preocupações sobre centralização de informações e exclusão digital, enquanto reconhecem conveniências práticas, como substituir documentos físicos em baladas.
A implementação bem-sucedida de sistemas de identificação digital requer não apenas tecnologia robusta, mas também amplo debate social sobre privacidade, segurança e acessibilidade – questões igualmente relevantes para o Brasil em sua própria jornada de transformação digital.
Traduzido e adaptado de BBC News [DSK-DSK-03102025-1500-V2L]
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