GeopolíticaInternacional

Sob Sanções dos EUA, Venezuela Aprofunda Laços com China e Instala Plataforma de Petróleo no Lago Maracaibo

Empresa chinesa CCRC investirá US$ 1 bilhão para quintuplicar a produção em campos da PDVSA, em um movimento que reforça a ‘parceria estratégica’ entre Caracas e Pequim.

Em um movimento que evidencia o aprofundamento de seus laços com a China, a Venezuela instalou uma nova plataforma de petróleo auto-elevatória no Lago Maracaibo, no estado de Zulia. A operação, conduzida pela empresa chinesa China Concord Resources Corp. (CCRC), é um passo significativo para revitalizar a produção na segunda maior região petrolífera do país, fortemente afetada pelas sanções dos Estados Unidos.

A plataforma, chamada “Alula”, tem como meta aumentar a produção de petróleo nos campos Lago Cinco e Lagunillas Lago dos atuais 12.000 barris por dia (bpd) para 60.000 bpd até 2026. Para isso, a CCRC planeja investir mais de 1 bilhão de dólares na reabilitação de infraestruturas e na perfuração de aproximadamente 500 poços.

O nome da plataforma, “Alula”, é carregado de simbolismo. De origem árabe, o termo frequentemente se refere a “Alula Borealis”, uma estrela na constelação da Ursa Maior, e seu significado etimológico é “o primeiro salto” ou “o primeiro pulo”. Embora a empresa chinesa CCRC não tenha divulgado oficialmente a razão da escolha, o nome evoca um sentido de pioneirismo e avanço, alinhado à ambição do projeto.

Um Contrato Flexível para Burlar Sanções

A parceria foi selada sob um contrato de partilha de produção de 20 anos, assinado em maio de 2024 entre a CCRC e a estatal venezuelana PDVSA. O acordo estipula que o petróleo leve será destinado ao consumo interno venezuelano, enquanto o petróleo pesado será exportado para a China. Este modelo é considerado mais flexível que as joint ventures tradicionais, garantindo à empresa chinesa maior controle sobre as operações e vendas, um atrativo crucial em um ambiente de alto risco devido às sanções.

A “Parceria Estratégica para Todos os Tempos”

O investimento bilionário é sustentado por uma aliança política cada vez mais forte. Em 2023, Venezuela e Pequim elevaram as relações de seus países a uma “parceria estratégica para todos os tempos”, uma categoria de alto nível que o governo chinês reserva a parceiros diplomáticos importantes. A Venezuela é o primeiro país latino-americano a alcançar esse status.

Essa aliança tornou-se a principal via de escape de Caracas contra o estrangulamento econômico imposto pelas sanções dos EUA desde 2017, que praticamente zeraram as exportações de petróleo venezuelano para os Estados Unidos a partir de 2019.

O Cenário das Exportações Venezuelanas

Como resultado, a China se tornou a maior compradora do petróleo venezuelano. Atualmente, as cargas com destino à China representaram 85% das vendas do mês passado. No total, as exportações de petróleo da Venezuela têm mostrado uma tendência de alta, atingindo recentemente um pico de 966.458 bpd, o maior volume desde novembro de 2024. Em contraste, as exportações para os EUA, realizadas sob uma licença especial e flutuante concedida à Chevron, somaram cerca de 60.000 bpd.

A instalação da plataforma Alula é mais do que um acordo comercial; é um símbolo potente da reconfiguração geopolítica na América Latina. Pressionada por Washington, a Venezuela não apenas reorientou seu comércio, mas aprofundou sua aliança estratégica com Pequim a um nível sem precedentes na região. O movimento solidifica o papel da China como uma linha de vida econômica essencial para Caracas e desafia a eficácia da política de isolamento norte-americana.

Traduzido e contextualizado do portal Venezuelanalysis.com

Redação do Movimento PB [NMG-OOG-12092025-Q1R2S3-15P]


Descubra mais sobre Movimento PB

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.