TikTok impulsiona esquerda alemã com vídeos virais, mobilizando jovens e desafiando CDU e AfD nas eleições deste domingo (23).
Faltando poucas horas para as eleições parlamentares deste domingo (23), que definirão as 630 cadeiras do Bundestag, o TikTok emergiu como um aliado inesperado dos partidos de esquerda na Alemanha. Milhares de vídeos políticos compartilhados nas últimas semanas na plataforma estão mobilizando eleitores jovens e podem mexer no tabuleiro dominado por conservadores e extrema direita.
Os Verdes, A Esquerda (Die Linke) e a Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) têm aproveitado o formato rápido e direto do TikTok para alcançar um público que os meios tradicionais não pegam. Vídeos criticando a União Democrata-Cristã (CDU), de Friedrich Merz, por flertar com a Alternativa para a Alemanha (AfD), de Alice Weidel, e defendendo pautas progressistas, como meio ambiente e justiça social, já somam milhões de visualizações. É um movimento que pegou os gigantes de surpresa.
A CDU, que lidera as pesquisas, e a AfD, forte na extrema direita, não conseguiram se adaptar ao ritmo do TikTok. Merz segue apostando em debates na TV e jornais, enquanto Weidel foca no Telegram e no X, falando direto com sua base mais radical. Já o SPD, liderado pelo chanceler Olaf Scholz, tenta correr atrás do prejuízo com vídeos sobre economia e ataques à AfD, mas ainda patina entre os mais jovens.
Pesquisas recentes, como a do instituto INSA do dia 8 de fevereiro, mostram a CDU/CSU com 29% das intenções de voto, a AfD com 21% e o SPD com 16%. Os Verdes têm 12%, o BSW aparece com 6%, e A Esquerda chega a 5%, enquanto o FDP mal alcança os 5% exigidos para entrar no parlamento. Analistas estimam que o TikTok pode influenciar de 3% a 5% dos jovens eleitores — um número pequeno, mas que, numa eleição apertada, pode fazer diferença.
Para os partidos menores, como o BSW, a rede virou um trunfo pra conquistar quem tá cansado da política de sempre. “O TikTok tá dando voz a quem não tinha espaço. Pode ser o empurrão que a esquerda precisa pra surpreender”, disse um especialista ao Der Spiegel. O engajamento digital, segundo ele, é a arma dos indecisos nesta reta final.
Mas nem tudo que brilha nas telas vira voto. A CDU e a AfD, mesmo com presença fraca no TikTok, ainda dominam as intenções gerais, apoiadas em estratégias mais tradicionais. A dúvida é se o barulho online vai se refletir nas urnas ou se vai ficar só no virtual. O pleito deste domingo será um teste de fogo pra medir o peso real das redes sociais na política alemã.
Se a esquerda conseguir virar o jogo, o TikTok pode virar o novo manual de campanhas no país. Enquanto os eleitores se preparam pra votar, Berlim assiste a uma disputa que vai além das ideias — é também uma briga por quem manda nas telinhas.
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Com informações de O Vermelho