Trump ameaça intervir em Washington D.C. e reacende debate sobre controle federal
Presidente dos EUA culpa jovens por escalada da violência e diz que capital está “fora de controle”
WASHINGTON (EUA) — O presidente norte-americano Donald Trump voltou a provocar controvérsia ao afirmar, na última terça-feira (5), que poderá impor controle federal sobre Washington D.C., alegando que a cidade enfrenta um surto de criminalidade juvenil. Em postagem publicada na rede Truth Social, ele acusou jovens e gangues locais de estarem cometendo crimes violentos com impunidade e classificou a situação como “fora de controle”.
“Jovens de 14, 15 e 16 anos estão atacando, assaltando, mutilando e atirando aleatoriamente em cidadãos inocentes”, escreveu o republicano. Ele ainda acrescentou que os autores desses crimes “sabem que serão libertados quase imediatamente”, cobrando punições mais severas e defendendo que adolescentes a partir de 14 anos passem a ser julgados como adultos.
A declaração veio acompanhada de uma imagem chocante de um jovem ensanguentado no chão, supostamente vítima de agressão por outros adolescentes — estratégia visual já conhecida nas campanhas de Trump para intensificar a percepção de insegurança.
Críticas à gestão local e apoio de aliados
Washington D.C. possui autonomia desde a Lei de Autonomia de 1973, mas o Congresso mantém poder significativo sobre suas decisões. Em 2023, com o apoio do então presidente Joe Biden, o Congresso anulou uma reforma penal do conselho distrital que previa a redução de penas para crimes como sequestro de veículos e assalto à mão armada — reforçando o controle federal sobre a cidade.
O empresário Elon Musk saiu em defesa de Trump, relatando no X (antigo Twitter) que um funcionário público teria sido espancado por adolescentes ao tentar intervir em uma tentativa de agressão contra uma mulher. “Isso é resultado da impunidade institucionalizada”, escreveu Musk.
Desde 2024, a prefeita Muriel Bowser adotou toques de recolher para menores de 18 anos, proibindo a circulação após as 23h (ou 19h em áreas críticas). Ainda assim, conservadores afirmam que a medida é ineficaz frente à escalada da violência.
Dados preocupantes e tensão eleitoral
Entre 2016 e 2022, Washington registrou em média 2.235 prisões juvenis por ano — número quase duas vezes superior à média nacional. Moradores relatam crescente sensação de insegurança no metrô e nas ruas.
O vereador distrital Robert White Jr. relatou em reunião pública que há registros de crianças de apenas nove e dez anos envolvidas em roubos de carros. O cenário alimenta o discurso de Trump, que tem usado o tema como pilar de sua narrativa eleitoral.
“Acho que deveríamos tomar conta de Washington, D.C. — torná-la segura”, declarou Trump a jornalistas em fevereiro, a bordo do Força Aérea Um.
Expansão das ameaças para outras cidades democratas
Washington não é a única cidade no radar do presidente. Durante reunião de gabinete no mês passado, Trump mirou também Nova York, ameaçando intervir caso a democrata socialista Zohran Mamdani seja eleita prefeita. “Se um comunista for eleito para governar Nova York, nunca mais será a mesma coisa”, disparou. “Temos um poder tremendo na Casa Branca para governar os lugares onde for necessário.”
A ofensiva verbal reforça a estratégia de Trump de associar a violência urbana à gestão democrata, criando um clima de urgência que pode favorecer sua campanha à reeleição.
Com informações do New York Post e agências internacionais.