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Trump chama governo brasileiro de ‘esquerda radical’ e ameaça vistos; Lula apela ao diálogo e à OMC

Presidente americano eleva o tom da pressão relacionada ao julgamento de Bolsonaro e cogita restringir acesso de autoridades à Assembleia da ONU. Em resposta, Lula retoma o discurso de ‘paz e amor’ e aposta na via multilateral.

A crise diplomática entre o Brasil e os Estados Unidos escalou para um novo patamar nesta sexta-feira (5). Em uma coletiva de imprensa na Casa Branca, o presidente Donald Trump elevou o tom das críticas ao Brasil, classificando o governo como de “esquerda radical” e ameaçando restringir os vistos de autoridades brasileiras que planejam participar da Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

A declaração é a mais recente e mais dura de uma série de pressões de Washington diretamente ligadas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF). “Estamos muito irritados com o Brasil. Já aplicamos tarifas pesadas porque eles estão fazendo algo muito infeliz”, disse Trump, em uma referência clara, embora sem citar nomes, ao processo conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes.

Pressão sobre o STF e a ameaça de sanção diplomática na ONU

Ao ser questionado sobre a possibilidade de cancelar vistos diplomáticos para o evento da ONU, Trump não descartou a medida. Sua fala, que classificou a mudança de governo no Brasil como “radicalmente para a esquerda”, representa uma tentativa de enquadrar o julgamento de Bolsonaro não como um processo legal, mas como uma perseguição política de um governo ideologicamente oposto.

A ameaça de usar a emissão de vistos para a Assembleia Geral como ferramenta de pressão é considerada uma medida extrema, pois desafia o papel dos Estados Unidos como país anfitrião de um dos mais importantes fóruns da diplomacia mundial, podendo gerar um amplo mal-estar internacional.

‘Lulinha paz e amor’: a resposta pela via legal e multilateral

Em resposta à escalada de Trump, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou uma estratégia de contraste, retomando a persona do “Lulinha paz e amor” e apostando na via diplomática e legal. “Não tenho nenhum interesse em brigar com os EUA, tenho interesse de que essa amizade de 200 anos possa conviver democraticamente mais 200 anos”, afirmou.

Lula, no entanto, deixou claro que a postura conciliadora não significa submissão. Ele reforçou que o Brasil continuará a usar todos os mecanismos legais para contestar o “tarifaço” imposto por Trump. “Ele [Trump] tem direito de criar taxas, mas tem regra. Temos a Organização Mundial do Comércio (OMC). Por isso, o Brasil já recorreu à OMC”, disse o presidente, sinalizando que a resposta brasileira se dará no campo das instituições multilaterais, e não na retórica agressiva.

O confronto de estilos expõe duas visões distintas de política externa. De um lado, a pressão unilateral e as ameaças diretas de Trump para defender um aliado político. Do outro, a aposta de Lula no diálogo, na tradição diplomática e nas regras do comércio internacional. A ameaça de uma crise na ONU eleva as apostas, e o mundo agora observa como o Brasil navegará por uma das mais delicadas e complexas disputas de sua história diplomática recente.

Da redação com informações do g1

Redação do Movimento PB [NMG-OGO-06092025-114810-C3A9B2-15P]


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