O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou suas críticas ao presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, expressando frustração com a condução do conflito entre Ucrânia e Rússia. Em entrevista ao programa “The Brian Kilmeade Show” da Fox News Radio nesta sexta-feira (21), Trump declarou estar “cansado” de observar Zelenskyy negociar “sem cartas na manga”. “Eu tenho assistido esse homem há anos, enquanto suas cidades são destruídas, seu povo é morto e seus soldados são dizimados”, afirmou. Segundo ele, Zelenskyy não tem poder de barganha e dificulta a realização de acordos, enquanto o país enfrenta uma devastação contínua.
Trump voltou a defender a necessidade de negociações para pôr fim à guerra, que já dura quase três anos desde a invasão russa em fevereiro de 2022. Durante uma reunião com governadores na Casa Branca no mesmo dia, ele destacou que “milhões de pessoas foram mortas, muito mais do que se imagina”, e insistiu que as partes envolvidas devem chegar a um entendimento. “Isso nunca deveria ter acontecido”, acrescentou, sugerindo que sua liderança é essencial para o progresso das conversas. Ele também mencionou ter tido “conversas muito boas com Putin” e outras “nem tão boas com a Ucrânia”, indicando uma preferência por dialogar diretamente com o lado russo.
As declarações de Trump seguem uma reunião de alto nível entre oficiais americanos e russos na Arábia Saudita no fim de semana passado, sem a presença de representantes ucranianos. O secretário de Estado, Marco Rubio, informou que as discussões iniciais abordaram a reabertura de embaixadas e possíveis benefícios econômicos para a Rússia caso o conflito termine. Trump, no entanto, minimizou a relevância de Zelenskyy nessas tratativas. “Ele está em reuniões há três anos e nada foi feito. Não acho que seja muito importante que ele esteja nas reuniões, para ser honesto”, disse ao apresentador Brian Kilmeade.
A ausência da Ucrânia nas negociações gerou reações de Zelenskyy, que na semana passada, em entrevista ao programa “Meet the Press” da NBC, em Munique, afirmou que jamais aceitará decisões sobre seu país tomadas apenas entre Estados Unidos e Rússia. “Esta é a guerra na Ucrânia, contra nós, e são nossas perdas humanas”, declarou, enfatizando a necessidade de participação ucraniana. Apesar disso, ele elogiou Trump, sugerindo que o presidente americano tem força para pressionar o líder russo Vladimir Putin a negociar, ainda que tenha alertado contra confiar nas promessas de cessar-fogo de Putin.
A tensão entre os dois líderes escalou nos últimos dias, tornando-se pública após Trump afirmar na terça-feira que Zelenskyy “nunca deveria ter começado” a guerra — uma declaração que ecoa narrativas do Kremlin. Em resposta, Zelenskyy acusou Trump de estar imerso em um “espaço de desinformação” russo. Trump retrucou, chamando o ucraniano de “ditador” e “comediante moderadamente bem-sucedido”. Durante a entrevista na sexta-feira, Kilmeade questionou Trump sobre a responsabilidade de Putin pela invasão, mas o presidente desviou do tema, insistindo que sua intervenção é o que está levando as partes a dialogar. “Eles só querem conversar por minha causa. Se eu não estivesse envolvido, não estariam falando”, afirmou.
As críticas de Trump a Zelenskyy e sua postura favorável às negociações com a Rússia geraram preocupação entre alguns membros de seu próprio partido. Na quarta-feira, o senador republicano John Kennedy, de Louisiana, discordou da narrativa da Casa Branca, afirmando que “Vladimir Putin começou a guerra” e descrevendo o líder russo como “um gangster”. Da mesma forma, o senador Thom Tillis, da Carolina do Norte, declarou que “a invasão foi responsabilidade de apenas um ser humano: Vladimir Putin”. Apesar disso, Trump manteve seu tom, sugerindo que os russos “realmente querem fazer um acordo” e atribuindo a falta de progresso às dificuldades de negociar com Zelenskyy.
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Texto adaptado de informações da Fox News e revisado pela nossa redação.