Prestes a completar cem dias de seu segundo mandato, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, concedeu uma entrevista provocadora à revista The Atlantic, publicada nesta segunda-feira, 28 de abril. Na conversa, o republicano afirmou que governa “com liberdade total” e declarou, com entusiasmo, que agora lidera não apenas os EUA, mas também “o mundo”.
“Na primeira vez, eu tinha duas coisas a fazer: governar o país e sobreviver; eu tinha todos esses caras corruptos”, afirmou. “E na segunda vez, eu governo o país e o mundo”, completou Trump, que disse estar “se divertindo como nunca” na presidência.
Entre as medidas mais controversas de seu novo mandato estão a extinção de programas de diversidade, a exoneração de reguladores federais, a redução de agências do governo e a concessão de perdão a quase 1.600 apoiadores condenados por participação na invasão ao Capitólio, em 2021 — inclusive indivíduos envolvidos em agressões a policiais. Segundo Trump, ao menos 98 decretos foram assinados desde sua posse, 26 deles no primeiro dia de governo.
No campo internacional, o presidente tem ampliado sua retórica e ações agressivas. Impôs tarifas que desestabilizaram mercados e tensionaram relações diplomáticas, inclusive com aliados históricos. Acusou a Ucrânia de “falta de gratidão” e elogiou o presidente da Rússia como “muito inteligente” — o que alarmou governos europeus e levou a OTAN a elaborar planos de defesa independentes, algo inédito desde a Segunda Guerra Mundial.
Trump também comentou, de forma ambígua, a possibilidade de um terceiro mandato, apesar da proibição constitucional: “Talvez eu esteja apenas tentando me destruir… não é algo que eu esteja procurando fazer. E acho que seria muito difícil.” Apesar disso, a Trump Organization já iniciou a venda de bonés com a inscrição “Trump 2028”, alimentando especulações sobre seus planos futuros.
A entrevista ainda revelou um erro interno de segurança apelidado de “Signalgate”, no qual informações sigilosas sobre operações militares no Iêmen foram compartilhadas acidentalmente com um editor da Atlantic. As operações foram iniciadas horas depois, sem comunicado oficial da Casa Branca.
Trump também celebrou o apoio renovado de figuras da elite econômica americana. Disse sentir-se mais respeitado por bilionários como Jeff Bezos e Mark Zuckerberg, com quem fez as pazes após anos de desavenças públicas.
Ao anunciar a entrevista em sua rede Truth Social, Trump afirmou que a concederia “como um experimento”, para testar se a revista seria “verdadeira”. O resultado foi uma conversa repleta de frases de efeito, reafirmações de poder e mais uma dose de imprevisibilidade típica do ex-presidente.